sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Destaque 2007...

...claro que não dá pra deixar de citar em qualquer lista que se refira a cinema no Brasil em 2007, Tropa de Elite, o filme-evento do ano. Não houve pessoa neste país que não tenha visto, lido ou ouvido falar algo a respeito deste filmaço nacional. Roteiro, direção e o show de Wagner Moura...um filme redondinho.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Meu melhor de 2007...

2007 terminou e como de praxe, muitas listas com os melhores e piores disso e daquilo são publicados por aí...Vou entrar na brincadeira e registar aqui o que vi de melhor e pior neste ano que se encerra. Antes vai aqui um esclarecimento, nem tudo que assisto nos cinemas, comento aqui. Muitos filmes que vejo, acabo não escrevendo por negligência ou falta de estímulo que não trouxe da sala de cinema.
Faço essa explicação para quem costuma ler meu bloguinho e pensa que só vi os filmes que estão escritos aqui. E agora posso citar o meu preferido de 2007. Pensei bem antes de deixar de fora a superprodução 300 que tem muitos méritos técnicos e um ator inspirado, Pecados Íntimos que é na verdade uma produção de 2006, mas que passou aqui no comecinho do ano e é um filme que vou guardar no coração, Piaf uma história real numa interpretação arrebatadora, Perfume, outra produção de 2006 mas que vi em janeiro passado e me encantei, enfim, a lista é longa, foi um ano em que o cinema me deu muito prazer, alento e felicidade.

Mas o filme que deixo aqui como o melhor do ano é o trabalho grandioso, preciso, econômico e elegante que o senhor Clint Eastwood fez ao filmar aos mesmo tempo A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima. Se Peter Jackson levou um Oscar por ter feito a trilogia Senhor dos Anéis, a Academia foi injusta no início do ano ao não dar o prêmio de melhor direção para Clint Eastwood. Os dois filmes tratam basicamente do mesmo evento, a batalha de Iwo Jima, a pequena ilha do Japão conquistada pelos americanos na Segunda Guerra Mundial. A Conquista da Honra saiu do livro Flag Of Our Fathers, um best seller que conta a história da célebre fotografia dos soldados que primeiro ergueram a bandeira americana no topo da ilha. Mais do que um simples filme de guerra, Conquista é também uma história sobre o poder da mídia, a manipulação da informação pelos políticos e a percepção de toda uma sociedade sobre o assunto. Foi mal recebido pelos críticos e pelo público que não deram o devido valor a esta história monumental. Cartas de Iwo Jima não agradou ao público que foi ao cinema esperando um filme de guerra quando na verdade, pra mim, este é um retrato da solidão, da obstinação de um general e seus jovens, encarando uma missão suicida por amor ao seu país.
Nunca na história do cinema, um evento histórico de guerra foi mostrado pelos dois lados (o americano e o japonês), produzido por uma mesma equipe. Um momento da história da sétima arte para se guardar na memória e na prateleira: a edição em dvd saiu com extras sensacionais.

Para os piores não vou ficar no óbvio de citar Xuxa, Trapalhões (que nem vi) e outros nacionais que deram dó pela miséria de idéias.
Vou registrar aqui os que tentaram ser grande coisa e se deram mal...minha primeira banana vai para o filme do sr Robert de Niro, que como diretor é um grande ator, O Bom Pastor...confuso, irritante, pretensioso. Um filme enervante...
Outra bomba do ano é Planeta Terror, uma bobagem...como também foram bobagens O Primo Basílio e Transformers, uma mega bobagem bem produzida...
E você? Tem um top 5?...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O novo Robin Hood...

Desde que Erroll Flynn empunhou uma espada contra a tirania do príncipe John, no aclamado filme As Aventuras de Robin Hood, o personagem que rouba dos ricos para dar aos pobres sempre foi sinônimo de aventura e diversão. Só na televisão inglesa, várias séries foram feitas com Robin Hood, todas elas de sucesso e sempre lembradas pelos fãs. Agora, chegou a vez do novato John Armstrog encarnar o personagem na nova produção da BBC, Robin Hood, que começou a ser exibida pelo Hallmark Channel em novembro. Filmada nas florestas dos subúrbios de Budapeste, na Hungria, a nova produção teve um pequeno problema durante a gravação, quando foram roubadas quatro episódios editados. Os ladrões pediram 1 milhão e meio de euros para devolver o material. Detalhes não foram esclarecidos, mas os episódios recuperados, que compõem os 13 da primeira temporada, foram recuperados por 40 mil libras. O primeiro episódio da nova série começa com muita adrenalina, com Robin invadindo o casamento de Marian e salvando-a de um destino muito cruel. A partir daí, os dois e o bando de Sherwood começam a ser perseguidos pelo Xerife de Notthinghan. Cada novo episódio é uma nova aventura, nesta que parece ser uma das melhores versões para a TV do lendário personagem.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A Liberdade, A Igualdade, A Fraternidade...

Tem me dado muito prazer por estes dias rever a Trilogia das Cores de Kieslowski que assisti pela primeira vez de uma batelada só em 1995 na Casa de Cultura Mario Quintana em Porto Alegre.
Doze anos atrás já tinha ficado maravilhado com a poesia do diretor polonês. Ele filmou de uma vez só três histórias emocionantes que se entrelaçam. O título faz referência às cores da bandeira francesa: Azul, Branco e Vermelho. Na tradução brasileira inventaram os subtítulos – A Liberdade É Azul, A Igualdade É Branca e A Fraternidade É Vermelha.
A idéia da Trilogia nasceu em 1989, duzentos anos após a Revolução Francesa. Kieslowski queria saber o que essas cores e o lema da Revolução representavam hoje.
Doze anos depois, eu já mais vivido, saboreei com muito mais prazer e admiração essa jóia do cinema. Essa é uma qualidade da verdadeira obra de arte: permitir ser revisitada indefinidamente nos dando em troca novas leituras...
Ah, sim! Os extras estão sensacionais e a FNAC resolveu baixar o preço para um valor mais atraente. (veja aqui)
Imperdível conhecer o gênio de Krzysztof Kieslowski, o cineasta dos detalhes. Um cara que conta histórias com closes rápidos e outras sutilezas, formando uma teia delicada e sofisticada. Três tramas que se cruzam e emocionam muito. Fiquei impressionado com o vigor do filme que se mantém forte, atual, moderno até hoje.

Um presente bacana, pra quem gosta de coisa boa. França, cinema, poesia...

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Vittorio de Sica e os pobres Ladrões

Foi num dia 13 de novembro que morreu um dos maiores nomes do cinema de todos os tempos, o diretor italiano Vittorio de Sica.
No último domingo, reservei um tempo para rever um de meus filmes favoritos, “Ladrões de Bicicleta”. Um filme de 1948 mas que não vai perder sua força nunca. É um dos maiores títulos do que considero a maior força criativa que já houve na história da cultura cinematográfica mundial, o neo-realismo italiano. Se você acha que a câmera solta nos documentários de hoje ou a questão da violência e miséria nas periferias são invenções recentes, você precisa conhecer o Neo-Realismo.
Imagine um grupo de jovens artistas do cinema de uma mesma geração, nascidos no país do Renascimento que, impactados pela destruição da Itália no Pós-Guerra, resolvem registrar toda aquela realidade em filmes que já nasciam clássicos. Começou com Rossellini, teve Visconti como ícone mas se coroou com a história do pobre italiano que quando finalmente consegue um emprego, tem a sua bicicleta, a sua principal ferramenta de trabalho, roubada. Esse é o enredo do filme de De Sica, um gênio de certa forma esquecido, um poeta injustiçado que, apesar de ter ganho 3 Oscars de Melhor Filme Estrangeiro, quando se fala em cinema italiano, todo mundo hoje só lembra de Fellini.
Vittorio de Sica construiu grandes momentos na história do cinema como o amor de Sophia Loren e Marcello Mastroianni em Os Girassóis da Rússia, e a admiração do filho por seu pai que procura por sua bicicleta em Ladrões... (clique aqui)

Quem não conhece, é quer sair um pouco da superfície deve procurar os filmes de Vittorio numa locadora...quem já viu, sempre vale relembrar...são filmes para sempre.
Fico me perguntando: quem seriam os De Sica de hoje?...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O Rei Está Morto. Viva a Pirataria!

Quando é que vão parar de “enrolar” e tomar uma atitude decente para que não cortem o acesso à cultura, deixando o crime organizado mandar no país?
Assistir a um filme como O Poderoso Chefão ou à série The Shield é ver a duas obras de ficção que nos fazem torcer pelos bandidos. Não é, em hipótese nenhuma, uma troca de valores, já que, quem está vendo sabe que é algo inventado, uma história de faz-de-conta, onde o personagem principal, no caso de The Shield, é um policial corrupto, que faz negócios ilícitos com quadrilhas de traficantes para, no frigir dos ovos, ganhar uma grana por fora a fim de sustentar a família. Sim, você não vai ver nenhum episódio com o detetive Vic Mackey (numa interpretação brilhante de Michael Chiklis) torrando dinheiro num carro novo ou numa casa com piscina ou mesmo com amantes. Ele age assim porque tem que cuidar da sua família.
Outra vez, trata-se de uma obra de ficção. Mas imagine a pessoa que resolveu descolar uma grana extra, vendendo uma cópia inédita do filme Tropa de Elite. Segundo as notícias referentes a esse escandaloso caso, a pessoa recebeu 5 mil reais pela cópia, que começou a ser duplicada como coelhos selvagens australianos, infestando fazendas simplesmente porque os fazendeiros eliminaram o predador natural desse mamífero. Desastre ecológico, sem dúvida, como é o desastre cultural da invasão de cópias piratas de Tropa de Elite. Já se sabe que o público de cinema, que lota salas para ver um bom espetáculo, também gosta de freqüentar locadoras e colecionar filmes, enquanto que o consumidor que vai a uma locadora alugar um filme, dificilmente, vai ao cinema.
E, se alguém lhe oferecer um filme que nem foi ainda lançado no cinema e, ainda por cima, dizem ser polêmico, porque envolve o BOPE, a Polícia de Elite do Rio de Janeiro, por que não ceder à sedução da pirataria?
Besteira pura! Ceder a essa sedução está no mesmo parâmetro que cheirar uma carreira de cocaína ou injetar heroí­na na veia, tragar crack ou encher a cara porque levou um fora da namorada.O que irrita nessa história da pirataria de Tropa de Elite ou na pirataria de qualquer outro filme, nacional ou importado, é que os consumidores dessa droga não pertencem às classes menos favorecidas, que não podem se dar ao luxo de gastar cinco reais para comprar um filme. Quem sustenta essa máquina desgovernada é a mesma classe abastada que não vê problema em pagar um papelote de cocaína para consumo recreativo. A linha fina que divide a hipocrisia da falta de conhecimento não existe. Quem compra um filme pirata sabe que está levando uma droga para sua casa. Tenho amigos médicos e mesmos colegas jornalistas que estufaram o peito para dizer que já tinham visto Tropa de Elite em DVD pirata. Mal sabem eles ou, se sabem, fazem como o nosso próprio Presidente da República, que viu no avião presidencial uma cópia inédita de Dois Filhos de Francisco e fiou surpreso em saber que era uma cópia pirata, que comprar um filme pirata ou uma música pirata só aumenta o caixa do cri­me organizado. E as autoridades, o que fazem? O mesmo que fizeram os senadores no caso de Renan Calheiros: viram a Playboy da ex-amante e mãe do filho do senador alagoano!
Será que um dia isso tudo ainda vai mudar?

sábado, 10 de novembro de 2007

Stephen Frears e seu próximo filme...

Stephen Frears, o mesmo diretor de A Rainha (comentado aqui embaixo) e que tem em seu currículo pérolas como Ligações Perigosas e Alta Fidelidade, promete para 2008 seu novo filme: a história da morte do brasileiro Jean Charles de Menezes no metrô de Londres em 2005. Para o papel, foi chamado Selton Mello.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Zero Dois, pede pra sair...

O nome dele é Milhem Cortaz. Ator de teatro, cinema e televisão. Tem 8 filmes no currículo. Em Carandiru ele fez o Peixerinha. Mas é com o capitão Fábio em Tropa de Elite que com certeza ele entra pra história. Sua cena com o capitão Nascimento-Wagner Moura pedindo para o policial corrupto desistir do treinamento é uma das mais imitadas pela galera fã do filme. Milhem me contou que foi parado quando dirigia de madrugada na Consolação por várias viaturas, achou que tinha cometido uma infração e que iria tomar uma multa...Mas se surpreendeu com o assédio dos fãs-pms que só queriam mesmo é tirar uma foto e dizer que o filme serviu pra deixar os policiais com mais "sangue nos óio"...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Tropa de Elite 2

Tropa de Elite é o filme mais visto e mais comentado da história do cinema no Brasil.
Escrevo esta frase exatamente um mês após a estréia do filme em 65 salas só na grande São Paulo.
Trinta dias depois esse número caiu para 44.
O filme custou 11 milhões de reais. Teve até agora, um milhão e 900 mil espectadores e pouco mais de 10 milhões de arrecadação.
Resumindo, um mês depois de sua estréia o filme ainda não se pagou. Lucro então? Vai demorar um pouco...
Agora a tendência é que o número de salas diminua progressivamente e o filme comece a registrar um número sensível de queda na bilheteria como aconteceu no último fim de semana que registrou 31% a menos de interessados em conferir as aventuras do Capitão Nascimento nas telonas.
Esses números não representam precisamente o sucesso que o filme merecia. Parte do que explica esse movimento é a pirataria. Pesquisas encomendadas pela distribuidora apresentaram dados estarrecedores: mais de 14 milhões de pessoas já assistiram ao filme sem ter ido a um cinema. Isto é, assistiram a uma cópia pirata.
Não é preciso ter um MBA em administração de empresas para perceber que com um gráfico desse, não dá pra ver com muita alegria o futuro da indústria do cinema no nosso país. É muito caro produzir para tão pouco e tão demorado rendimento. A produção audiovisual no Brasil vai sobreviver a isso? Por quanto tempo?
Vai pegar geral...

terça-feira, 30 de outubro de 2007

DVD's - Vendas caiiiiiiinnndoooo...

É a primeira vez que as vendas de dvd's vão cair no Brasil.
O faturamento de todas as principais fabricantes vinha crescendo ano a ano. Mas 2007 vai terminar diferente...
Só a Videolar, a maior fabricante de dvd's do país vai vender 10% menos que no ano passado.
Na comercialização, então, o rombo será maior: caiu, em 2007, mais de 30%.
O motivo todo mundo já sabe: a pirataria. É impossível para qualquer empresa séria colocar na praça um dvd com o mesmo preço praticado por um camelô de uma grande cidade.
Pense num grande filme que você assistiu neste ano, um filme que tenha te tocado, que fez você refletir, se emocionar, rir ou mesmo chorar...pensou?...Pois é, se tudo continuar como está, num futuro não muito distante, as produções cinematográficas poderão enfrentar uma crise sem precedentes na sua história...estúdios terão suas portas fechadas, cineastas não encontrarão financiamento para suas obras, atores e técnicos não encontrarão mais emprego...tudo porque as pessoas, em sua maioria, preferem pagar 5 reais para um vigarista na esquina do que 15 reais para a produção de um filme numa sala de cinema...triste, muito triste...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Fala sério...

...tem coisa mais imbecil do que aplaudir no cinema no final do filme?
Tá batendo palma pra quem? O diretor tá ali? Não. Os atores que tavam na tela vão ouvir? Não.
Então tá batendo palma pra quem, ô mané? Cinema não é teatro, pô!...
É a mesma coisa que responder pro William Bonner quando ele diz "Boa Noite"...

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Michael Moore strikes again...

Ele está de volta. Para alguns, um bufão sensacionalista, manipulador da informação. Para a grande maioria um dos documentaristas mais importantes em atividade hoje. Polêmico sem dúvida, acuse-se do que quiser não dá para negar o mérito de Michael Moore em conseguir colocar em pauta discussões sobre questões muito sérias da sociedade americana. E por se tratar dos donos do mundo, são questionamentos que afetam a todos nós não-americanos. Em seu novo trabalho, Michael Moore expõe o injusto sistema de saúde norte-americano no qual mesmo quem paga os caríssimos planos de saúde corre o risco de se endividar e quebrar com as astronômicas contas hospitalares. Moore confronta o sistema americano com o canadense, o londrino e o francês. É hilário e as constatações são impressionantes. Sua grande cena é quando decide levar os "heróis de 11 de Setembro", com gravíssimos problemas respiratórios (todos os que trabalharam nos escombros do WTC desprotegidos respiraram muita fuligem e amianto, produto altamente cancerígeno e que fazia parte do forro das paredes das duas torres, que foi pulverizado em Manhathan com o atentado...) e abandonados pelo governo, para fazer tratamento em Cuba, país demonizado pelos governos dos Estados Unidos.
Moore está pagando um preço caro por este seu Sicko (o nome do documentário que aqui será traduzido para S.O.S. Saúde, um título pálido como um doente...). Além de ameaças de morte que o fizeram andar com seguranças pra cima e pra baixo, o governo o está intimando a se explicar em juízo sobre essa história de levar cidadãos americanos a se utilizarem de tratamento médico e comprarem remédios cubanos, furando assim o embargo econômico sustentado pelo governo Bush. Como sempre, Michael Moore eleva o gênero documentário à grandeza de o melhor espelho para mostrar, incomodar, chacoalhar e, quem sabe, aprimorar uma sociedade.
Nota 10!
Ainda restam duas exibiçoes Na Mostra de SP desse filme ainda sem previsão para entrar no circuito comercial no Brasil. Não perca!...

sábado, 20 de outubro de 2007

o beijo e o jegue...

Comentei outro dia com um colega de trabalho que a Deborah Kerr havia morrido...
- Débora "Quem"?
- Deborah Kerr. Atriz de cinema. De Hollywood.
- Num conheço...
- Ela está numa das cenas de beijo mais famosas que o cinema já mostrou. Quer ver?
Chamei o jagunço no meu computador, joguei no Google e lá estava a cena do beijo imortal na beira-mar com Burt Lancaster.
- Você com certeza já tinha visto essa imagem...
- Tinha não.
- Bem, mas pelo menos você sente pela beleza da foto que o beijo deve ter sido bom...
- Deve não...beijá assim entra muita areia no fiofó...
- ...
E começamos a falar de futebol.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007



Pra quem tá por fora, tá rolando a trigésima primeira edição da Mostra Internacional de São Paulo. Pra acessar o site oficial clica aqui.


Se quiser saber o que está passando, a programação tá aqui.


A maioria dos fimes da Mostra só vão estrear nas nossas telas daqui a meses. Muitos nem serão exibidos.
Se ligue!...



terça-feira, 16 de outubro de 2007

Tropa de Elite 1

Claro que eu já vi Tropa de Elite. E claro que não foi uma cópia pirata. Quem me conhece sabe que não faço dessas...No fim de semana da estréia eu já tava lá...Claro que eu gostei muito do filme. Tenho lido muita coisa a respeito e só não escrevi nada até agora porque tudo o que havia para ser dito sobre o filme já foi dito. O artigo do Reinaldo Azevedo na Veja desta semana foi definitivo. Mais tarde coloco minhas impressões. Acho que vou ver de novo antes de escrever...

Santiago...

Tudo bem que a gente tem mais é que prestigiar o cinema nacional, afinal qualquer tentativa de se fazer filmes no Brasil é para se louvar tamanho o esforço e a determinação que um realizador deve ter nesta terra de tantos obstáculos...
Tudo bem que João Salles é um cara pra quem se deve tirar o chapéu por tudo que já fez e continua fazendo pela cultura de nosso país, pelo seu documentário Notícias de Uma Guerra Particular (que é sensacional), pela sua revista/jornal Piauí de conceito e conteúdos raros nestes tempos de antas dominantes...sim, por tudo isso esse cara merece nossos aplausos...
Mas, meu amigo, tá difícil de engolir seus últimos trabalhos...
Foi com muita decepção que saí do cinema depois de assistir a Entreatos, aquele documentário que cobria os últimos dias da campanha que elegeu Lula. Por motivações conceituais, não políticas.

E foi com muito esforço, mas muito esforço mesmo que permaneci na sala até o final de Santiago, seu mais recente trabalho. O filme, que segundo a Veja é o melhor em cartaz nos cinemas de Sampa neste momento, é de uma chatice sem tamanho...são depoimentos tomados de um certo Santiago, um senhor de 80 anos que foi mordomo da família Salles por muitas décadas. Ele vive sozinho no Rio de Janeiro num apartamento minúsculo e mal iluminado. Tem várias manias e muitas histórias...os críticos o consideraram um poema sobre o tempo e a terceira idade. A mim me soou decadente e desarticulado...em alguns momentos tive a impressão de estar assistindo ao filminho caseiro que o filhinho do papai fez pra família rica ver sobre o mordomo excêntrico que trabalhava lá em casa e agora estava no auge de sua decrepitude e falência mental. Vi entrevistas do João enaltecendo as milhares de minibiografias de aristocratas que Santiago datilografou e catalogou ao longo de sua vida como se aquilo fosse um trabalho para se levar a sério. Pra mim não passou de uma manifestação da loucura do pobre argentino que viveu entre os ricos, admirou-os, invejou-os e morreu na pobreza, sozinho e maluco. Numa determinada seqüência, as mãos enrugadas do velho ex-mordomo dançam para a câmera em close num fundo negro...anote aí, quando essa cena começar você pode sair, comprar um saquinho de pipoca, comer, ir ao banheiro, telefonar e depois voltar e as mãos ainda estarão lá, "bailando", tirando uma da sua cara...

La Vie En Rose...Piaf !


Quand il me prend dans ses bras

Il me parle tout bas,

Je vois la vie en rose.

Il me dit des mots d'amour,

Des mots de tous les jours,

Et ça m'fait quelque chose.

Il est entré dans mon coeur

Une part de bonheur

Dont je connais la cause.

C'est lui pour moi,

Moi pour lui dans la vie,

Il me l'a dit, l'a juré

Pour la vie.

Et dès que je l'apercois

Alors je sens en moi

Mon coeur qui bat...


Desde domingo, essa é a música que não sai da minha cabeça...vá assistir e se emocionar com Piaf e você vai entender...filme maravilhoso!...

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Ultimato Bourne

Se eu me encontrasse com Paul Greengrass eu dava um tripé pra ele.
Vi seu Ultimato Bourne e fiquei com a vista embaralhada uma semana.
Sem dúvida é um excelente filme de ação e que encerra muito bem a trilogia de Jason Bourne, o agente secreto esquecidinho...Mas a opção de linguagem do diretor com essa câmera nervosa que nunca pára (daí minha vontade de prendê-la num tripé...), na humilde opinião deste que escreve, passou dos limites. Está excessiva. De resto, tem a sempre competente presença de Matt Damon, os efeitos sensacionais e as cenas de perseguição eletrizantes das quais destaco aquela em que Bourne, pulando pelos telhados do Marrocos, saltando de um prédio para outro por cima da rua e o câmera vai junto! Isso é que é câmera nervosa!...

Clica aqui que você vê a seqüência inteira no You Tube... Um filmão!

Medos Privados em Lugares Públicos

Este filme é bom como não poderia deixar de ser um filme com a assinatura de Alain Resnais. E é melhor ainda porque sua história parece ter saído da máquina de escrever de Nélson Rodrigues. Tramas urbanas, personagens cheios de segredos escondidos sorrateiramente em suas casas...tudo muito bem contado e com a elegãncia de sempre de Paris em vez do ranço suburbano do Rio de Janeiro.
Meu destaque vai para a beleza da atriz Isabelle Carrè, no papel da irmã mais nova do corretor de imóveis, bela e solitária, buscando um grande amor pela internet. Apesar disso, não é um Resnais que se leva pra casa...você assiste, fala “oh!” solta um pum e esquece depois...
Mas vale o ingresso. Está em cartaz em Sampa desde 13 de julho, o que no nosso mercado é bastante significativo.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Últimos filmes...

Apesar da ausência no blog, não me ausentei das salas de cinema...Não me faltam filmes a comentar...fui ao cinema, sim, como sempre...e vi muita coisa boa...outras nem tanto...
Já-já, comento alguns...

Desculpas esfarrapadas...

Este que escreve é um blogueiro nada disciplinado...faz muito tempo que não apareço por aqui...não há desculpas para minha ausência...às vezes acho que é um texto para ninguém...e não escrevo...às vezes acho que não importa que ninguém leia, eu escrevo pra mim e já está bom...não tem desculpa...
Minha rotina está cada vez mais massacrante?...Meus dias mais curtos?...Não interessa...não há justificativa...subtrair cinema desta nossa existência curta e cheia de mediocridade é como viver numa espécie de caverna de Platão e se recusar sequer a ver o mundo pela luz que projeta a vida na parede fria de pedra...é fechar os olhos para o brilho que está em todas as coisas...e além do mais, a vida, meu amigo, a vida só vale a pena ser vivida com arte...
Sorry.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

13 Homens E Um Novo Segredo

Assisto tudo de Soderbergh. Acho um dos mais inteligentes e interessantes diretores em atividade. Treze Homens e Um Novo Segredo é uma reunião de amigos que resulta num filme divertido, sofisticado e inteligente. E é melhor que a segunda parte, um filme aliás que era bem chato...Além do charme de sempre ao reunir os principais astros do cinema num mesmo filme, Treze Homens ainda conta com um trabalho incrível de efeitos especiais e direção de arte ao reconstruir virtualmente um mega-hiper-ultra hotel 6 estrelas em Las Vegas. E claro, tem a presença sempre brilhante de Al Pacino como o canalha que será passado pra trás pelo bando de Danny Ocean-George Clooney.
Diversão garantida pra quem prefere champagne à cidra...

sábado, 23 de junho de 2007

Zodíaco

Zodíaco é um ótimo filme policial que fala da obsessão de um cartunista de jornal em descobrir a identidade de um assassino. A história é verdadeira e aconteceu na década de 60 quando um serial killer deu início a uma série de assassinatos brutais. O maluco tinha a ousadia de mandar cartas com mensagens cifradas para redações de jornais e emissoras de TV se auto-intitulando como Zodíaco.
Um jornalista é escalado para cobrir o caso e acaba se afundando na frustração de não conseguir desvendá-lo. O mesmo acontece com os policiais que investigavam os crimes. Quem vai mais longe é o cartunista do jornal que fica obcecado pela história e vai juntando todo tipo de material sobre Zodíaco chegando até interrogar ele próprio, a vários dos envolvidos. Ninguém nunca chegou a uma conclusão...Durante duas décadas, Zodíaco matou pelo menos 13 pessoas e nunca foi capturado.
O diretor é David Fincher que estreou com Seven (sensacional), fez Clube da Luta (um filme de ética duvidosa, eu particularmente não gosto) e o morno Quarto do Pânico.
Acho difícil contar a história de um serial killer que nunca é pego. Mas como se trata de um fato real, a história ganha o peso da verdade e um certo sabor amargo das injustiças que acontecem nesta vida.
Valeu o ingresso!...Agora vou comprar o livro...

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Não Por Acaso...

...o filme novo com Rodrigo Santoro é tão fraco, mas tão fraco que não dá nem vontade de comentar...uma pena!...Um desperdício de atores talentosos num roteiro pretensioso e uma direção prepotente...algumas imagens bonitas de São Paulo e uma ou duas sacadas na montagem são insuficientes para diluir a impressão de que o filme vai do nada pra lugar nenhum...triste...

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Como Era Verde Meu Vale

É fácil notar a grandeza de um filme já em suas primeiras seqüências...A combinação perfeita entre texto, imagens e música. Algo mágico, sem fórmulas, que não se descreve com a razão mas se sente nas entranhas...As primeiras cenas de Hillary Swank em Menina de Ouro são comoventes na maneira como sua personagem se revela pobre e determinada. Como disse Drummond a poesia se dá quando se puxa o fio certo do novelo embaralhado e assim, sem fazer força, o poeta ‘desenrola’ as emoções comuns a todos nós, exercendo a função sublime dos artistas: expressar os sentimentos da humanidade.
Todo esse preâmbulo foi para comentar o filme que (re)vi neste fim de semana e que me emocionou mais uma vez...

”Como Era Verde Meu Vale” (How Green Was My Valley) de John Ford, um cara que sabia o que estava fazendo com uma câmera.
Já em sua primeira cena temos as mãos do protagonista em primeiro plano. Ele está partindo, embrulhando suas roupas num pano preto que ele revela ser o xale que a mãe usava para ir à Igreja...Nesse momento o filme dá um salto de uns 50 anos para mostrar a infância de Huw Morgan o filho caçula de uma família de mineiros.
O filme é de 1941, em preto e branco. A história se passa numa vila de mineiros no interior do País de Gales, no início do século passado.
Tudo é de uma beleza, de uma pureza, como raramente se vê nos filmes. Há muitas passagens em que não há palavras. Os personagens vivem emoções profundas ou delicadas muitas vezes sem dizer nada. Um filme arrebatador e que merece o título de clássico. O destaque para o pequeno Huw, feito pelo então adolescente Roddy Mcdowall, um rosto que você com certeza viu em vários filmes, então com 12 anos. É dele a expressão da pureza que contrasta com a degradação da vila em que nasceu, que aos poucos enegrece com a fumaça expelida das minas de carvão. A inocência perdida...os valores transformados...a hipocrisia de uma sociedade...integridade, honra, família...

Para ver e rever sempre...

Homem-Aranha 3...o herói cansou...


O enorme sucesso dos dois primeiros filmes do herói se deve muito às suas histórias, aos roteiros. Filmes de super-herói tem de monte, mas com o personagem principal sofrendo de crises, perdas, dúvidas, são raros e méritos de Homem-Aranha 1 e 2.

Neste terceiro episódio, há muitos efeitos, muitos vilões e pouca história. Algo que, apesar de empobrecer a trilogia não tira a validade de ir conferir este filme que é diversão garantida para um domingo à tarde.
A mim ficou a impressão de que estão todos meio de saco cheio, diretor, atores principais, e fizeram um filme menor pra tirarem dos produtores o argumento da bilheteria numa eventual pressão por um quarto e agora improvável Homem-Aranha.

sábado, 19 de maio de 2007

Desculpas...

...é o que devo aos poucos mas fiéis leitores de meu humilde blog...
Estive ausente destas páginas por causa do meu trabalho que tem me consumido nas últimas semanas...viajei ao Peru para gravar umas matérias e estou naquela fase de imersão total na ilha de edição...mas o assunto aqui é cinema, portanto no próximo post meu parecer sobre Homem-Aranha 3...putz!...

Na foto deixo minha caminhada no deserto de Nazca, sul do Peru, procurando por uma Coca-Cola...

terça-feira, 27 de março de 2007

O Cheiro do Ralo

O Cheiro do Ralo é a história de Lourenço, um personagem escroto que vive num estado de claustrofobia permanente. A solidão urbana de seu dia-a-dia é agravada em seu trabalho. Lourenço vive de comprar e vender objetos usados, antiguidades e outras porcarias que pelos motivos mais ignóbeis somos às vezes levados a guardar. E Lourenço saboreia o seu poder nesse instante quando reina diante das figuras abjetas que o procuram pelo seu dinheiro (que aliás parece nunca ter fim). Esse mesmo jogo de poder é o que alimenta uma das fixações de Lourenço: a bunda de uma balconista de buteco. Uma bunda que ele quer ter, que ele quer subjugar, que ele quer que se submeta à sua torpeza pela paga de um dinheiro qualquer. A outra fixação do anti-herói é o cheiro fétido que sai do ralo do banheiro de seu escritório. Uma metáfora fácil mas eficiente que ilustra a aura do pesadelo em que vive Lourenço. Se você achou tudo muito sinistro fique sabendo que vai assistir rindo porque quem dá vida a Lourenço é Selton Mello, o dono do filme e quem faz valer seu ingresso. Sua interpretação precisa, sem exageros, dá a dose certa de humor e amargura ao papel. Um show!...Já ao diretor faltou um pouco de senso de ritmo, gastou tempo e energia repetindo situações que não surtiam mais efeito algum na platéia. Senti falta de um cafezinho entre os roteiristas que podiam ter parado e pensado melhor num outro final. Algo que se apresentasse melhor como uma moral da história. Do jeito que ficou deixa a sensação de “Ah, o filme caminhou até aqui pra isso?”... Ainda assim vale a pena conhecer O Cheiro do Ralo, um filme para platéias pequenas...
O filme de um ator, Selton Mello. Que Rodrigo Santoro, que nada... Selton Mello é o cara!...

sexta-feira, 23 de março de 2007

300

300 é uma experiência estética única, incrível, das melhores que tive nos últimos anos numa sala de cinema.
Não bastassem a direção de arte impecável, a fotografia irrepreensível, as elaboradas coreografias de luta 300 ainda tem o valor de atiçar a curiosidade de quem assiste em busca de mais informações sobre essa batalha histórica que aconteceu em 480 a.C.

Não há o que comentar. Tudo que eu disser fica pequeno. Você TEM que ver.

Nas fotos, o ator Gerard Butler que nasceu para o papel de Rei Leônidas e ao lado a estátua do mesmo que está nas Termópilas, local onde tudo aconteceu.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Notas Sobre Um Escândalo

Se você tem dúvidas de se vale a pena ver este filme, pense que se trata do melhor trabalho de Judi Dench em sua história no cinema...Se as dúvidas ainda permanecerem saiba que Cate Blanchett está brilhante...não bastassem esses motivos pra conferir este filmaço maduro e surpreendente tem o roteiro do mesmo cara que escreveu Closer e concorreu ao Oscar. Uma professora sexagenária e sinistra (Judi) de uma escola secundarista de um subúrbio de Londres não consegue esconder seus impulsos homossexuais despertados pela professora novata e bela (Cate). A relação de ambas passa da amizade para a submissão numa chantagem velada que a sutil interpretação de Judi coloca no tom exato ao descobrir um pecado da professora Sheba (Cate) que ela usa em seu favor. A direção precisa faz a moral mudar de mão várias vezes. O filme vai da sobriedade à loucura sem parecer inverossímil. Muito bom, muito bom...

quarta-feira, 14 de março de 2007

cinema e política

...revi nesses dias dois filmes do meu pequeno acervo de DVD's que falam de política.
O primeiro é Bob Roberts, você conhece? É um filme que já tem uns anos, é de 1991-92 , um dos primeiros do Tim Robbins. Aliás tem o roteiro e a direção dele. Conta a história de um candidato ao senado americano, um demagogo e populista cantorzinho de folk que sabe usar muito bem os meios de comunicação em seu favor para convencer o eleitorado a lhe dar seus votos. Em linguagem documental e com um elenco sensacional (você vai reconhecer alguns rostos que ainda não tinham estourado...) o roteiro é muito inteligente e bem amarrado.
O segundo filme que revi é a reconstituição do período em que o mundo chegou muito perto de uma guerra nuclear, bem no início dos anos 60 quando John Kennedy era o presidente norte-americano e Nikita Kruschev, o premier soviético. O filme é Os 13 Dias Que Abalaram O Mundo com o Kevin Costner fazendo o chefe de gabinete da presidência. Interessante notar que o pesadelo do fim do mundo numa guerra nuclear aconteceu de verdade há tão pouco tempo. Toda a tensão do jogo político internacional, o cenário do mundo dividido na época e a habilidade diplomática do jovem presidente

Kennedy que lutava principalmente contra os impulsos bélicos de seus próprios oficiais militares que queriam bombardear Cuba, onde os russos instalavam mísseis nucleares. Os bastidores da Casa Branca e toda a pressão que rolou nesse episódio estão nesse filmão que retrata um momento histórico do qual é importante se ter conhecimento. Uma boa dica pra quem está se sentindo carente de momentos históricos mais significativos que o "ponto G das negociações" de ultimamente tem nos permitido...

...ainda sobre A Rainha...

...escrevi que gostei de A Rainha por vários motivos mas esqueci de citar que a direção é de Stephen Frears, um cara de uma versatilidade incomum que tem no currículo filmes incríveis como Alta Fidelidade e Ligações Perigosas, dentre tantos outros...

domingo, 4 de março de 2007

Thanks, Gene...



"Laura, is the face in the misty light


footsteps that you hear down the hall..."



...minha homenagem à mulher que me fez companhia neste domingo ensolarado...

Uma pausa para o Teatro...

...fui assistir a O Avarento, com Paulo Autran no Cultura Artística e saí me perguntando: quantas pessoas de 84 anos hoje conseguem me fazer rir?

Paulo Autran não tem idade. É eterno.

Assim como o texto de Molière que ele escreveu em 1668 e continua incrivelmente atual...

Não perca! É um programão!...
(...como é bom morar em São Paulo...)

sábado, 24 de fevereiro de 2007

O Último Rei e A Rainha eterna...

Acho que o público está mais exigente com relação ao que é verossímil ou não nos filmes...Principalmente nos que se baseiam em fatos reais e que contam a história de pessoas que viveram em nosso tempo...Depois que Mel Gibson propagandeou seu rigor em obrigar seu elenco a falar em aramaico (caso de A Paixão de Cristo) ou em maia yucatec (caso de Apocalypto) é difícil aceitar ver o Idi Amin Dada discursando para uma tribo de Uganda em inglês. Como pra mim também foi difícil aceitar o personagem do jovem médico escocês que vira amigo íntimo do ditador. Um cara que nunca existiu. Tive a mesma sensação quando vi O Segredo de Beethoven com aquela ajudante do compositor que também nunca existiu. No caso de O Último Rei da Escócia, a performance arrebatadora de Forest Whitaker no papel do general-ditador ugandense que deve valer o Oscar pra ele como todos os especialistas estão prevendo. Merecido. Mas o filme é 4 estrelas na opinião deste que escreve.
A estrelinha que faltou eu dou para A Rainha, um filmaço! Gostei muito!
Todo mundo já deve saber do que se trata: os dias que se seguiram à morte da ex-Princesa Diana e a postura adotada pela família real britânica no episódio. A Helen Mirren como também dizem os especialistas é barbada no Oscar de melhor atriz. E não há como negar que ela fez por merecer.

Aliás todo o elenco está fantástico! O cara que faz o Tony Blair é sensacional!. Meu destaque é para o roteiro, cheio de curiosidades acerca do protocolo da corte e do que aconteceu do lado de dentro do palácio de Buckingham. Uma aula de história contemporânea. O filme se vale de imagens reais dos telejornais da época e tem como ápice o discurso em rede nacional da Rainha Elizabeth II, cedendo à pressão da mídia e da opinião pública, dando satisfações aos seus súditos. Informações preciosas, momentos de emoção (a Rainha de volta à Londres passeando pela calçada com as pessoas se curvando diante dela é uma cena linda!...). Lamentei a falta de informação da platéia do cinema em que assisti que não entendia a fleugma britânica e todo o aspecto ritualístico envolvendo o dia-a-dia da família real. Riam na hora errada...comentários em voz alta...uma tristeza...Mas o filme é ótimo! E depois do filme, confira no You Tube o discurso da verdadeira Rainha que faz com que você admire ainda mais o trabalho de Helen Mirren.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Pecados Íntimos

Sinceramente, não consigo entender como pode Pecados Íntimos não estar concorrendo ao Oscar de melhor filme ou diretor, os dois prêmios mais respeitados do mercado cinematográfico. O filme é maravilhoso!...
Está indicado nas categorias de melhor atriz, Kate Winslet, melhor ator coadjuvante e melhor roteiro. Mas é pouco. Pecados Íntimos é um filme adulto, desses que retratam a malha intrincada das relações humanas e a diferença entre o convívio social e nossos desejos ocultos, sorrateiros, que escapam ao controle e se revelam quando menos se esperam. Tudo isso sem fazer concessões baratas ao público. Sem cair em clichês manjados. Pelo contrário surpreendendo a platéia com soluções muitas vezes ousadas mas coerentes com seus personagens. Kate Winslet que a cada trabalho fica mais respeitada pela crítica mostra neste filme simplesmente o melhor momento de sua carreira. Aliás aqui ninguém faz feio...o par romântico de Kate é Patrick Wilson que segurou um filme sozinho com a garota de Menina Má.Com e volta a dar um show aqui. Juntos formam um casal luminoso que consegue tornar o absurdo, verossímil, o corriqueiro, encantador, o particular, universal. O indicado do filme ao Oscar de melhor ator coadjuvante é Jackie Earle Haley, um veterano de séries de TV que tem um papel difícil do pedólatra que luta contra sua perversão. Já se imaginou sentindo pena de um pedólatra? Essa é uma das provocações do filme, que pra variar deve ter tido seu título traduzido pelo Tiririca. Little Children, seu título original ficaria muito melhor ao pé-da-letra, Crianças Pequenas. Aliás as criancinhas do filme (a filhinha de Kate Winslet e o filhinho de Patrick Wilson) são lindas e carismáticas. É com elas que a história começa, é com elas que tudo termina. Seus pais vivem em mundos perfeitos, mas se descobrem infelizes, infiéis, hipócritas, cheios de energia e sofrimento, e reagem a tudo com uma ingenuidade pueril revelando que, no fundo, diante de muitas questões da vida, no fundo somos todos do jardim de infância...

Alá-lá-ô-ôôô-ôôô...!...Ziriguidum!

Saldo do meu Carsnavau no Sinema:
A Rainha
À Procura da Felicidade
O Último Rei da Escócia
Pecados Íntimos

daqui a pouco, comentus...

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Apocalypto

Acho engraçado os críticos de um modo geral, que às vezes parecem combinar numa reunião de boteco o que todos dirão sobre um determinado filme sem destoar muito das opiniões um do outro. Noto esse movimento em vários lançamentos. Não conheço as motivações, não pertenço ao mundo dos críticos. Nem queria porque a impressão que me dá é que eles se divertem menos que eu. É o caso deste novo filme do sempre criticado Mel Gibson (eu gosto do cara e aí?...vai encarar?...ele já me divertiu mais em um filme médio do que todas as críticas do Celso Sabadin juntas). Tudo bem que o cara pisou na bola no incidente com o policial a quem manifestou toda sua ira anti-semita e seu bafo alcoólico...mas uma coisa é o homem, outra coisa é sua obra.
Achei Apocalypto, o melhor filme de Mel Gibson.
Nos Estados Unidos o filme foi massacrado. Parece que o episódio com o policial pegou mal mesmo junto à opinião pública. Mas eu não quero saber das opiniões de Mel Gibson.
Eu quero que ele cumpra o que se propõe a fazer: me entreter. (sim, eu sei, não se começa oração com pronome mas, por favor, estamos na era Lula...)
Esqueçam os críticos que o acusaram de ser “excessivamente violento”, ou da “imprecisão histórica”, ou da “obsessão do diretor pelo martírio do corpo”...
Apocalypto é o melhor filme de perseguição que eu já vi. Era essa sua intenção e foi isso que ele fez...!
E ninguém pode dizer que o sr. Gibson não sabe contar uma história. Tudo acontece num ritmo frenético, com seqüências de ação complexas e bem construídas, deixando o espectador angustiado com a luta do protagonista pela sua vida e da sua família. O cara sabe filmar!
Vá assistir...depois a gente conversa...

PS: Eu sempre tive vergonha de dizer que achava o seu Hamlet o melhor do cinema até ler que alguns especialistas estrangeiros em Shakespeare como a Dra Laurie Rozakis (PhD em Literatura Inglesa pela Universidade de Nova York) consideravam a versão de Mel Gibson genial.

Não tenha preconceito e saia satisfeito...

Borat



Borat é engraçadíssimo!... Inteligente, engajado, non-sense, ousado.

E uma aula para os humoristas 'coxinhas' da televisão brasileira.

Se você acompanha um pouco do noticiário internacional, vai rir mais ainda...!

Palmas para... O Perfume

Eu não li O Perfume do Patrick Süskind, um alemão que ficou milionário com essa obra publicada na década de 80 e que vendeu pacas. Mas duvido que o livro seja melhor que esta sua adaptação para o cinema (sim, eu sei, não se comparam duas formas tão diferentes de expressão, filme é filme, livro é livro)...Mas o fato é que saí da sessão admirado, deslumbrado com o que vi. A história se passa na França do século XVIII. Um lugar que a história nos revela, era o maior fedor.
O povo vivia sujo, sem tomar banho, comendo lixo. É lá que nasce o protagonista, Jean-Baptiste Grenouille, dono de uma capacidade extraordinária de captar, identificar e memorizar...cheiros!
Seu poderoso nariz o leva a ser um notável perfumista obcecado em buscar o aroma perfeito...aquele que fará toda a humanidade render-se ao seu gênio criador. O problema é que para Grenouille produzir tal aroma ele precisa fazer algo um pouco inconveniente, tipo...matar umas pessoas. Assim começa o calvário desse anti-herói que comete crimes horríveis ao mesmo tempo que nos faz torcer por ele. Efeito parecido com o que ele quer para seu perfume perfeito: o da sedução absoluta de toda a humanidade.
Atenção para as soluções visuais encontradas pelo diretor (Tom Tykwer, que fez Corra, Lola, Corra) para mostrar a imagem dos “cheiros” captados por Jean-Baptiste: simples, diretas e eficientes.
Se você for ver, lembre-se que tudo se trata de uma grande fantasia, e não de uma história baseada em fatos reais, como muitas vezes o tom sombrio e a caprichosa direção de arte o fará pensar. Só assim, com essa postura, você absorverá o gran finale, um delírio pertinente do autor e o fim de Jean-Baptiste, um personagem para entrar na história dos grandes filmes, tanto quanto O Perfume deve virar um clássico.

O filme tá meio escondido no meio de tantos indicados ao Oscar (que injustamente ignorou O Perfume), pouco se fala nele. Mas vá assistir.
É sensacional!...

O Labirinto do Fauno

Quando assisti a Hellboy pela primeira vez (acho que em 2004) senti que naquele filme havia algo mais do que uma simples historinha de um herói (no caso um anti-herói) que enfrenta o mal, cheia de efeitos especiais, etc...
Hoje (dezembro de 2006) depois que vi O Labirinto do Fauno, percebi claramente o trabalho de um diretor que evoluiu em sua capacidade de contar bem uma história ilustrando-a com imagens bem elaboradas. O Labirinto do Fauno do diretor mexicano Guillermo Del Toro (ele é parente do Benício, o ator...) é de uma beleza tão grande, tão intensa que ao mesmo tempo que encanta, às vezes até sufoca...Aliás há no Labirinto tanto desse paradoxo...Nunca havia visto um filme costurar com tanto talento violência (sim o filme é bastante violento! Não é para criancinhas...) e delicadeza...Fantasia e realidade se entrecruzam com a sensibilidade de um roteiro inspirado e uma direção criativa. Um filme que fala direto ao coração de quem o assiste, em especial ao das mulheres, há muito do universo feminino na história (impossível não se emocionar com o apelo que menina faz ao irmãozinho que ainda não nasceu, encostada na barriga da sua mãe grávida e doente...).
Uma fábula nos moldes clássicos adaptada ao público do século XXI. E que provavelmente ganha o Oscar de filme estrangeiro deste ano. Filmão...

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

O Homem Duplo

De novo Philip K. Dick. É baseado em mais um de seus livros que vem este O Homem Duplo, novo filme com Keanu Reeves. Esse escritor que morreu doido é um dos autores com mais obras no cinema. Foram de seus livros que saíram Blade Runner, O Vingador do Futuro, Minority Report, Screamers, etc... Desta vez, no entanto, não é a história mas o visual quem é a principal estrela do filme. Com uma técnica que se baseia em aplicar computação gráfica sobre a imagem, o diretor Richard Linklater (o mesmo de Antes do Por do Sol e Antes do Amanhecer) conseguiu compor uma espécie de desenho animado claustrofóbico e psicodélico. Muito coerente com a história: um policial (Keanu) é encarregado de investigar o tráfico de uma droga super poderosa e acaba se viciando nela.
Muito louco!

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Mais Estranho Que a Ficção...'mais pior' que a realidade...

Mais Estranho Que a Ficção começa bem. Um cara normal vive uma vida metódica e tediosa entre ir para o seu trabalho enfadonho (ele é fiscal de imposto de renda) e voltar para casa onde mora sozinho numa vida triste.
De repente, uma voz de mulher passa a narrar tudo que ele está fazendo. Só ele ouve a voz que parece descrever com mais estilo toda a mediocridade do seu dia-a-dia.
Contando assim, o argumento parece até bacana. O elenco tem uns nomes como Emma Thompson, sempre dando show, Dustin Hoffman que dispensa apresentações e no papel principal, Will Ferrell, mais conhecido na tv americana por ter sido um popular apresentador do humorístico Saturday Night Live.
Mas a verdade é que o filme é uma bomba. O argumento inicial não se sustenta.
A partir de um certo ponto, Ferrell descobre que a voz que ele ouve é de uma escritora famosa que está escrevendo um livro contando como é a vida monótona dele. Sem dar nenhuma explicação, Ferrell 'descobre' (com a ajuda de um professor de literatura boboca feito por Dustin Hoffman) que tinha virado um personagem do novo livro de Emma Thompson. E o "problema" é: todos os protagonistas de seus romances morrem no final. Logo ele também vai morrer. (?!?!)
É constrangedor notar os atores se esforçando para dar verossimilança a esse roteiro pretensioso e modernóide.
Alguns grafismos são utilizados no filme com inteligência e o texto narrado por Emma Thompson é realmente bom. Dá a impressão que o livro fictício que ela está escrevendo é melhor do que o filme real...
Will Ferrell não tem nem nunca vai ter perfil de mocinho de filme. Ele é o Chevy Chase do século 21.
E o pior pra mim foi ter contado um irritante microfone boom vazando em quadro por 16 vezes!!!
Isso foi o fim da picada.
Pretensioso, sem ritmo e anêmico...E está incrivelmente encabeçando a lista da Veja como o melhor filme em cartaz...putz!?! NÃO CAIA NESSA!!!
Mais Estranho Que A Ficção é 'mais pior' que O Labirinto do Fauno, Babel, Os Infiltrados, Pequena Miss Sunshine, Happy Feet, Perfume, Apocalypto, etc...
Uma grande bobagem que não vale a pena você perder seu tempo...