terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Fim do mundo 2...

Bom, chega de falar de Oscar...
Em um papo recente com meu amigo cinéfilo e seriófilo Paulo Gustavo, editor-chefe da Sci Fi, desabafei minha tristeza em saber que minha modesta DVDoteca de 1000 unidades estava com os dias contados...com a recente decisão da Warner de não lançar mais seus filmes em DVD, a tendência é que as outras grandes corporações cinematográficas façam o mesmo. Agora elas vão lançar seus filmes no mercado no formato Blu-Ray, um disquinho azul com muito mais capacidade de memória o que permite a imagem em alta-definição. Fiquei triste porque os aparelhos de Blu-Ray além de mais caros (custam em média 3 mil reais) tocam os disquinhos convencionais de DVD’s com a mesma qualidade de um DVD player fuleiro. Minha esperança nessa luta pela alta-definição era que o HD-DVD (a proposta da Toshiba) vencesse o Blu-Ray, uma idéia da Sony. Mais ou menos como aconteceu nos anos 80 quando o VHS venceu o formato Betamax, que só a Sony fazia. Desta vez a história foi outra. A Sony ganhou a parada na definição do substituto do DVD. E o fiel da balança sabe quem foi? O Playstation 3...o game de última geração da Sony, e o mais vendido no mundo só roda jogos em Blu-Ray...um mercado muito forte que ajudou a pressionar as companhias cinematográficas. O que fazer agora? Quem tem um monte de DVD’s (como eu) o melhor é esperar. Porque se a indústria cinematográfica demorou 3 anos para escolher o substituto do DVD, a gente já sabe quem será o do Blu-Ray...a internet. Com a TV digital e os modelos cada vez mais sofisticados de plasmas e lcds, todo televisor estará em breve conectado à internet que, graças à banda larga, funcionará como a DVDoteca do futuro. E sem ocupar espaço na prateleira. Não sei se vou gostar disso...

Fim do mundo...


...chega a ser irônico que depois de 3 meses e meio de greve dos roteiristas em Hollywood quem faturou o prêmio de melhor roteiro original tenha sido uma ex-stripper maluca vestida de oncinha que nunca tinha feito um roteiro antes...ela se auto-apelidou Diablo Cody e quando perguntaram se ela tinha virado stripper por dinheiro ela disse que não: " - Fui ser stripper porque tava a fim..."
Putz...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Destaques 2...

...achei bacana premiarem O Ultimato Bourne com 3 Oscars. Todos de categorias técnicas mas tudo bem. É uma forma de reconhecer o trabalho do diretor Paul Greengrass que já concorreu a melhor diretor por Vôo United 93 e foi o grande responsável pelo sucesso da trilogia (além, claro, de Matt Damon). A série Bourne é espetacular.

Achei uma sacanagem não terem lembrado de 300 em nenhuma categoria, nem nas técnicas onde o filme merecia ao menos competir...uma prova de que Oscar é um prêmio de momento, de mercado, tipo " - Vamos estimular a bilheteria de X porque está em cartaz...isso interessa...filme que já saiu de cartaz, é do ano passado, ah, deixa prá lá..."...

Outra que foi difícil de engolir pra mim foi Sangue Negro ter perdido melhor roteiro e filme...Onde Os Fracos Não Têm Vez é um filminho de perseguição...bom...mas só isso.

Destaques 1...

...muito bonitas as reações da francesa Marion Cotillard e Javier Bardem quando ganharam o Oscar. O discurso do espanhol foi emocinante. Interessante que nenhum americano ganhou nessas categorias. Daniel Day Lewis e Tilda Swinton são britânicos. É o Oscar globalizado...

Oscar, final...

Depois das piadinhas-pra-americano-dar-risada de sempre, dos erros na dublagem ao vivo, duas horas depois o resultado é que acabou de entrar para a história do cinema o filme Onde Os Fracos Não Têm Vez como o melhor filme da Octogésima edição do Oscar 2008...sem comentários.
Assista e tire suas conclusões...

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Daqui a pouco tem Oscar 2008...

...vou arriscar aqui meus palpites.
Melhor filme deve ganhar Sangue Negro ou Desejo e Reparação. Sangue Negro é meu preferido mas Reparação tem jeitão de filme de Oscar.
Melhor ator é barbada, Daniel Day Lewis fez melhor, não há concorrente à sua altura. Ator coadjuvante deve ser Javier Bardem. Melhor atriz também é insuperável o trabalho da francesa Marion Cotillard encarnando Piaf mas aqui tem que se levar em conta a vocação da Academia em premiar quem está velhinho, então nesta categoria é possível que dêem o prêmio pra Julie Christie (alguém lebra dela?...tipo em Doutor Jivago?...).
Melhor diretor ninguém merece mais do que o Paul Thomas Anderson pelo seu Sangue Negro. Mas é possível que resolvam premiar os irmãos Coen, tipo pelo conjunto da obra.
Coisas do Oscar...

Juno

Ontem fui assistir a Juno, um filme de baixo orçamento que tá concorrendo ao Oscar como o azarão deste ano mais ou menos como foi A Pequena Miss Sunshine no ano passado. E que a comparação termine aí...Este Juno não passa de um filminho adolescente que conta a busca da adolescente Juno por pais adotivos para o filho que está gestando em sua ‘gravidez na adolescência’...como tudo que é muito adolescente, o filme é muito chato...boboca até. Tenho lido muita coisa dizendo que o filme é sensacional, é isso-aquilo, o vai-da-valsa de sempre dos ‘creticos’ daqui que lêem Variety e dão um ‘Control C - Control V’ para não ‘destoarem’. Tipo já vão ver o filme com a intenção de gostar e espalham que o filme é bom depois. Não é. Vai virar filme de sessão da tarde logo e já consigo ver pilhas desse filme em dvd encalhado nas lojas americanas por 12,99. Se o filme tem um destaque é a atuação da jovem Ellen Page que para muitos era uma novidade mas porque não a viram em Menina Má.Com onde ela já mostrava que tem muito talento segurando um filme inteiro praticamente sozinha. Aqui ela faz uma garota muito inteligente de 16 anos (irrealmente inteligente, diga-se) que fica grávida em sua primeira transa com o amiguinho da escola. Toma a decisão sozinha de doar a criança quando nascer e comunica seus pais que acatam passivamente a escolha da filha (putz). Ela então procura um casal legal pra entregar o filho e encontra a Jennifer Garner que faz uma ricaça casada com um marido que é um personagem muito mal resolvido na trama. Bem estou com preguiça de contar mais sobre o filme. Se resolver assistir não espere muito, tipo ‘oh, estou indo ver um candidato ao Oscar...’. A Academia não tem lógica e já deu muitos prêmios injustificáveis...Este Juno não passa de uma ‘comédinha’ adolescente.
Too boring...

Se quiser arriscar, veja onde tá passando aqui.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Sangue Negro

Sangue Negro é a história de um homem, sua saga para se tornar um bilionário explorador de petróleo no início do século XX. Seu nome é Daniel Plainview. Tem algo de Charles Foster Kane misturado com o Robert de Niro de Touro Indomável, aquele homem que é excelente no que faz mas destrói tudo que ama.
O filme não existiria sem Daniel Day-Lewis o ator que criou uma caracterização inesquecível de um personagem que tem muito em comum com sua vida real.

Além de ser xará de seu personagem há na biografia do ator um filho com a atriz Isabelle Adjani chamado Gabriel. Daniel não fala com a ex desde que se separou e também com o próprio filho. Um assunto no qual o senhor Day-Lewis não toca de jeito nenhum.
No filme, um dos momentos de maior carga dramática é quando Daniel Plainview confessa num culto evangélico ter abandonado o próprio filho. Não foi à toa que Daniel Day-Lewis interpretou essa cena com tanta força, com tanta verdade.
Filmão que tem grande chance de ganhar o Oscar mas que o público brasileiro deve ter dificuldade de assimilar...é uma saga americana, uma história inerente a eles, à cultura americana. A mesma resistência que terão os brasileiros a esse filme pode ser comparada à crítica alemã e européia que, por não conseguirem compreender o nosso universo, taxaram Tropa de Elite de nazista.
Sangue Negro é um dos melhores filmes lançados em 2008 até agora. Uma atuação irrepreensível, uma trilha incrível do guitarrista do Radiohead, fotografia, montagem e direção impecáveis...do mesmo diretor e roteirista do cult Magnolia, este Sangue Negro, com toda certeza, vale o ingresso.

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terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Meu Nome Não É Johnny repercute...

O jornal O Globo publicou no último dia 7 de fevereiro um artigo intitulado "Meu nome não é ‘Tuchinha’", escrito pelo conhecido e muitas vezes polêmico, desembargador Siro Darlan. O texto vai parecer um pouco longo para alguns mas vale muuuuito a pena ser lido:

“O filme “Meu nome não é Johnny”, que conta a história de um dos maiores vendedores de drogas do Rio de Janeiro, merece uma séria reflexão sobre algumas graves denúncias feitas. Algumas já conhecidas por toda sociedade e pelas autoridades, mas pouco combatidas, como a corrupção policial, o tratamento diferenciado a autores de crimes de acordo com sua origem social, raça ou poder econômico, que a Zona Sul “brilha” como já havia denunciado o experiente delegado de polícia Hélio Luz. E outras que estão a merecer investigação e manifestação pública das autoridades mencionadas, como a acusação de ponto de venda de drogas nas dependências do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.Por um lado a história é fascinante e desmistifica a lenda segunda a qual não há volta para aqueles que atravessam a fronteira do convencional e usam ou vendem drogas. O personagem João Estrella se propõe a debater com universitários e especialistas sua experiência pessoal. Isso é muito bom e enriquecerá o mundo tão discriminado dos usuários de drogas. Afirma em entrevista que considera o tráfico apenas o comércio de uma substância convencionalmente tida como ilícita, mas que causa tanto mal quanto tantas outras permitidas. Defende a legalização desse comércio, mas acha que no Brasil isso ainda irá demorar muito a acontecer. São manifestações que devem ser colhidas com o respeito que merecem aqueles que passaram por essa tenebrosa experiência e precisam ser debatidas pela sociedade sem o tradicional preconceito que temas como esses costumam ostentar.Merece destaque o importante papel da juíza na apreciação da causa. Em situações corriqueiras João Guilherme estariaainda amargando uma prisão, sabe-se lá com que objetivos, pelo menos até 2010. Teve a sorte de ser julgado por uma magistrada sensível, que viu naquele réu não apenas o agente de um crime de tráfico e formação de quadrilha, mas também uma vítima do sistema hipócrita que leva tantas pessoas a trilhar os mesmos caminhos de João Estrella.A juíza não só apostou na recuperação de João como foi visitá-lo na prisão. Raridade que deveria inspirar todos os magistrados que condenam pessoas a cumprirem pena por haverem descumprido normas legais em estabelecimentos que fazem letra morta da Lei de Execuções Penais em vigor desde 1984. A visita aos estabelecimentos de cumprimento de pena deveria ser obrigatória a todos os magistrados.Outra denúncia grave, mas que é de todos conhecida, é a péssima condição desumana do sistema penitenciário, onde se pretende a impossível recuperação de um ser humano tratado como bestas. Parabéns para a produção, que retratou o ambiente exatamente como a realidade das prisões e dos manicômios, chamada pela lei de Casa de Custódia e Tratamento (?).João Estrella não é um traficante, e sim um comerciante de drogas. Traficantes só são assim chamados os de origem humilde que moram nas favelas e comunidades. Contou com um bom advogado que garantiu uma rápida passagem pelocoletivo do Manicômio, logo ascendendo para um trabalho burocrático que ajudou o tempo a passar mais rápido e permitiu alguns privilégios comprados graças a seu poder econômico, como a visita íntima, comida e cigarros.A mesma sociedade que indignou-se com o terror do Holocausto a ponto de recorrer ao Judiciário para impedir que essa cena histórica e abominável arrepiasse os foliões da Marquês da Sapucaí é conivente com as barbaridades cometidas contra seres humanos nas celas das delegacias, penitenciárias e manicômios. E aqui Thêmis não é apenas cega, é surda e muda. João Estrella, segundo sinopse do filme, era de uma família de classe média do Rio de Janeiro, cresceu no Jardim Botânico e freqüentou os melhores colégios, tendo amigos entre as famílias mais influentes da cidade e tornou-se vendedor de drogas mesmo sem jamais pisar numa favela. Em dois anos quitou sua dívida com a Justiça e hoje é um produtor musical que inspira livros e filmes. Conquistou sua liberdade e o direito de ser respeitado na sociedade em que vive.Após assistir o filme pela segunda vez, não resisti à tentação de uma comparação com outro comerciante de drogas, ou será traficante? Francisco Paulo Testas Monteiro, o “Tuchinha”, na mesma época em que João vendia drogas no Brasil e no exterior, exercia a mesma atividade no Morro da Mangueira. Foi condenado a 43 anos de prisão e após cumprir mais de um terço da pena com bom comportamento carcerário foi colocado pelo juiz da Vara de Execuções Penais em liberdade condicional, como manda a lei.A saída da penitenciária foi amplamente acompanhada por alguns veículos de comunicação. Afinal, precisava ser lembrada sua condição permanente de traficante, mesmo tendo cumprido grande parte da pena. A decisão do juiz da VEP foi criticada de forma desrespeitosa pelo então chefe de Polícia e por setores da comunicação e da sociedade.“Tuchinha” voltou para sua comunidade na Mangueira e tentou mudar de vida. Dedicou-se à música e à poesia, tendo vencido dois concorridos festivais de samba na própria Mangueira e na Lins Imperial. Assumiu seu nome artístico de Francisco do Pagode como uma forma de afastar-se de sua antiga personalidade ligada ao crime, assim como João abominou seu nome de comerciante de drogas e deu título ao filme “Meu nome não é Johnny”. Mas ninguém o deixou em paz um só minuto. Foi vigiado, escutado, criticado e sua resistência sendo minada porque a ele e a tantos outros não é dado o direito de mudar de vida. Uma vez traficante marca-se sua vida, seu corpo, como uma tatuagem da qual eles não se podem ver livres, ainda que queiram.O filme é forte e rico para uma reflexão porque João Estrella pode não ser mais o “Johnny” que comercializava drogas e Francisco do Pagode tem que ser eternamente o traficante “Tuchinha”?"

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Onde Os Fracos Não Têm Vez

Pra gostar de Onde Os Fracos Não Têm Vez é preciso gostar de westerns. Também chamado de faroeste, este é um gênero clássico do cinema, com características particulares que o definem. Geralmente são filmados no velho oeste americano como nos estados do Texas, Kansas, Nevada, Arizona...Têm longas tomadas, há muitos silêncios, personagens duros, de pouca fala, frutos daquele cenário árido, desolador. Há sempre o homem bom, durão mas honesto e o homem mau, um matador frio e sanguinário. E claro, não podem faltar tiros, muitos tiros...Basicamente é isso que faz um filme ser considerado um faroeste.
Onde Os Fracos Não Têm Vez tem tudo isso e um algo mais. Todos os aspectos de um western são levados às últimas conseqüências. Os silêncios às vezes parecem intermináveis. O homem que é bom (no caso o xerife de Tommy Lee Jones que narra a história desde o começo) chega a ser ingênuo. O matador sanguinário é tão violento que ultrapassa o limite da compreensão razoável, é um psicopata assassino.

Há um sabor amargo nessa escolha. Uma impressão de fim dos tempos, de fim de uma época, de um gênero. O faroeste inserido na moral de hoje passaria dos limites do aceitável. Seria uma mistura de policial com filme de terror. O clássico embate entre mocinhos e bandidos dá lugar a uma matança sem fim. Mata-se sem saber porquê, porque vive-se sem sentido. A paisagem desértica esconde a angústia de quem só vê no dinheiro uma razão para viver. A desolação do deserto é a imagem do vazio existencial dos personagens. O western acabou porque não existe mais honra.
Essa é de certa forma a mensagem que os respeitáveis irmãos Coen me passaram neste filme com 8 (!!) indicações ao Oscar. Bem, pelo menos era o que eu estava absorvendo do filme até que vem o final...ai, o final !...O que eu tenho é vontade de contar como esses caras escolheram terminar o filme só pra estragar a pseudo-surpresa que eles reservaram a nós pobres espectadores que pagaram ingresso pra ver o filme. O meu vazio existencial de durante a projeção foi preenchido com muita raiva, ódio e vontade de dar uma porrada nos irmãos
Coen...
Eu entendo o valor que o gênero tem na cultura americana e o apreço que o público de lá dá pra um bom bang-bang...mas francamente...depois de assistir pensei nas 8 indicações que o filme recebeu e me senti um burro porque não consigo achar este filme tão melhor do que tantos outros que assisti que nem uma indicaçãozinha receberam...
Talvez esteja aí a minha burrice, procurar sentido e justiça num prêmio da academia que nunca premiou Hitchcock ou Charlie Chaplin...não dá, né?...


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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Relembrando Hitchcock...

Olha que legal!...A revista Vanity Fair de março vai trazer um ensaio com vários astros do cinema mundial revivendo cenas de clássicos do mestre Alfred Hitchcock. Tem um vídeo no site da revista com o making of desse ensaio que é muito bacana de se ver...Nomes como Keira Knighteley, Naomi Watts, Charlize Theron, Javier Bardem, Jodie Foster e outros vários posando, fazendo caras e bocas para os fotógrafos da revista.
Clique aqui e assista!...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

O Caçador de Pipas

De novo aquela história de que o filme não é tão bom quanto o livro e blá-blá-blá...
Não existe comparação. É como relacionar andar de bicicleta com comer um pedaço de bolo de chocolate.
Contra tudo que saiu escrito por aí sobre o filme O Caçador de Pipas, fui assisti-lo ontem.
O filme foi malhado pelos críticos aqui, alguns usando a fraca bilheteria nos EUA para justificar seus argumentos.
O que me deixa intrigado é o teor das críticas aqui no Brasil. Gente que leio e respeito dizendo que faltou vibração, emoção, vida no filme de Marc Forster, um cara que já mostrou que sabe dirigir...Ele fez Em Busca da Terra do Nunca, Mais Estranho Que A Ficção e o filme que deu o Oscar para Halle Berry, A Última Ceia. Pela filmografia dá pra sentir que o cara é bastante versátil.

Se a bilheteria nos Estados Unidos não correspondeu, ora, essa é fácil...um filme que humaniza os árabes, nunca vai fazer sucesso na América. Acho que não é preciso explicar porquê a sociedade americana pensa assim após os ataques de 11 de setemebro.

“Faltou emoção ao filme”... bem...eu vivi uma experiência diferente...talvez tenha sido só com a minha sessão, não sei...mas eu e todo o resto da sala era uma choradeira só...só chorões...

Quem foi moleque e empinou pipa um dia vai se sensibilizar muito com as cenas construídas pelo senhor Forster...a câmera acompanha a subida da pipa até o alto...a sensação de vitória dos meninos quando conseguiam cortar a pipa de outro...a profunda amizade entre os dois garotos...a destruição do Afeganistão, primeiro pelos russos depois pelo regime idiotizante do Talibã...O Caçador de Pipas é um filme sobre a amizade, sobre culpa, sobre redenção, sobre coragem, sobre 'segundas chances'...

Era uma questão de tempo o livro do senhor Khaled Housseini virar filme tamanho é o seu sucesso nas livrarias de todo mundo. A história é realmente cativante. Se você não leu o livro e pretende ver o filme pare de ler aqui. Dois meninos no Afeganistão de 1978, um deles de uma casta inferior, vivem uma amizade sincera e pura como só as crianças são capazes. Hassan, o filho do empregado, é atacado por um bando de meninos maiores. Ele é violentado. Amir, o filho do patrão, assiste ao sofrimento do melhor amigo passivamente. O incidente e a omissão de Amir, levam a vida de ambos a conseqüências dramáticas no futuro dos meninos.

Um roteiro fechadinho, que retira do livro o essencial, passagens poéticas, lindas, que combinam o exotismo da cultura árabe (da qual sou um admirador...) com uma história poderosa, atores infantis que dão um show (o menino que faz Hassan é demais!...Marc Forster sabe trabalhar com crianças, vide Em Busca da Terra do Nunca...) e a trilha sonora, que apesar de eu ter achado tímida, está indicada ao Oscar deste ano.

Esses são alguns dos bons motivos para você conferir o filme. Que não é o livro. E nem tem que ser, porque a vocação de um filme é entreter e emocionar uma platéia durante duas horas numa sala escura.
E isso O Caçador de Pipas, o filme, faz muito bem.

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Estrelas e drogas...

É antiga a relação entre astros do cinema e as drogas.
Kirsten Dunst, a namoradinha do Homem-Aranha é a mais nova hóspede do Cirque Lodge, uma clínica de recuperação caríssima de viciados em álcool e outras drogas. Lá ela encontrou a bela Eva Mendes, a latina que fez par com Will Smith em Hitch, a namorada do Motoqueiro Fantasma. Além dos mais antigos como Lindsay Lohan, David Hasselhoff (da série Baywatch) e uma daquelas gêmeas chatas, as irmãs Olsen. Fora os nomes que já passaram por lá e tiveram alta. O preço de uma diária sai por 1500 reais. A Lindsay Lohan gasta mais de 45 mil reais por mês na clínica.
As sociedades de uma maneira geral esperam dos artistas que sejam diferentes, que se vistam diferentes, que tenham um comportamento sexual diferente...que se droguem...
Dá pra entender como isso tudo deve se processar em cabeças muito jovens, de pessoas que muito cedo já ganharam mais dinheiro do que podem gastar, de rostos conhecidos que vivem sendo elogiados e aplaudidos pelo público. Um aspecto triste, deprê que acompanha a história da sétima arte há muito tempo...

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O Gângster

O Gângster (que deveria se chamar O Gângster Americano como pede o título original) é um grande filme. E não estou falando por causa do seu tamanho. Duas horas e 40 minutos de projeção é filme prá lá de metro...
O Gângster é o resultado de um grande encontro entre um grande diretor (Ridley Scott) e dois atores no auge (Denzel Washington e Russel Crowe) com uma grande história nas mãos...
A história real de Frank Lucas, um dos maiores chefões do crime organizado que já houve nos Estados Unidos.
Um negro que veio da Carolina do Norte e fez fortuna em New York se tornando o maior traficante de drogas dos Estados Unidos no começo dos anos 70. O cara simplesmente montou a maior rede de tráfico de heroína da América se utilizando da corrupção na polícia e até no exército norte-americano que estava em plena Guerra do Vietnã.
Denzel Washington volta aos bons tempos fazendo o papel do gângster que é ao mesmo tempo frio e violento mas que vai com sua mãe na missa todos os domingos.
Russel Crowe, chapa do diretor (fizeram Gladiador e Um Bom Ano), faz Richie Roberts, o detetive de polícia incorruptível que persegue Lucas.
O filme tem violência na medida (nada gratuito), edição e roteiro espertíssimos, além de uma impecável reconstituição da Nova Iorque dos anos 70, trabalho este que está valendo uma indicação ao Oscar 2008 de Melhor Direção de Arte. Ridley Scott, que deve estar com uns 114 anos, há algum tempo não dirigia um filme com tanto tesão. Seu trabalho merecia uma indicação no Oscar deste ano. A Academia pisou na bola...
Vá conhecer a história desse negro que, menosprezado por todos, tornou-se a maior ameaça à justiça norte-americana da época. Você vai se surpreender também com o nível de corrupção que rolava na polícia de New York. Frank Lucas sustentou muitos policiais com seu dinheiro sujo...
Foi um dos maiores criminosos que já existiu nos EUA. E este O Gângster é um dos maiores filmes do gênero.
Filmaço!!!...

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O dia em que Jason Bourne se deu mal...

Jason Bourne, o agente secreto poliglota que tinha uns 45 passaportes dos mais diversos países e entrava e saía de qualquer um sem problemas, se deu mal quando usou o passaporte de qual país? Adivinha?...
Em O Ultimato Bourne, Matt Damon é detectado tentando entrar nos Estados Unidos pelo aeroporto de Nova Iorque usando a identidade de um tal de Gilberto de Osasco, São Paulo !?!?!?...
Agora que comprei o DVD consegui capturar a imagem do passaporte brasileiro do mané.
Osasco?!...
Não podia dar certo mesmo, sr. Bourne...

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias

Tenho um especial interesse em filmes de baixo orçamento que alcançam grandes resultados artísticos e/ou comerciais.
É o caso desta modesta produção que foi a vencedora da Palma de Ouro do ano passado em Cannes.
Um filme romeno, difícil, poucos vão gostar...seja pela sua estética não-convencional, seja pelo peso realista de uma história que vai do comportamento amoral de alguns personagens a situações que esbarram no escatológico, passam do limite do ultrajante...
O filme mostra como era complicada a vida na Romênia comunista em 1987.
Duas jovens universitárias dividem um quarto e um drama: uma delas (Gabita) decidiu realizar um aborto e para isso conta com a ajuda de sua amiga (Otilia). Como a prática era proibida no país, elas têm que recorrer ao submundo da ilegalidade contratando um profissional sórdido que fará o serviço no quarto de um hotel de quinta categoria.
O diálogo travado entre as duas garotas e o aborteiro na suíte é brutal !...
A platéia fica chocada com o rumo que essa conversa toma...
Há outros momentos de tanta tensão na trama que pensei muitas vezes estar vendo um filme de terror.
Nunca o tema do aborto foi mostrado desta forma no cinema.
Mas esse não é o único assunto do filme.
4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias também é um filme sobre a amizade sincera, a profunda cumplicidade que existe entre as mulheres, retratada aqui na figura de Otilia, a amiga que vive horrores para ajudar Gabita a interromper sua gravidez.
Um filmaço de gente grande...


P.S.: ...curioso é que os dois maiores prêmios do cinema mundial, a Palma de Ouro e o Oscar de Filme Estrangeiro, no ano passado foram para filmes que tinham como cenário a vida em países comunistas pré-queda Muro de Berlim.

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