domingo, 27 de julho de 2008

Wall.E e Kung Fu Panda

Já faz tempo que desenho animado deixou de ser coisa de criança. Walt Disney fez muito desenho pra gente grande...na verdade pra criança que existe em todos nós...Mas ultimamente, os longas de animação têm trazido aos mais crescidos, momentos brilhantes que os pequeninos ainda não são capazes de perceber. Os Incríveis, por exemplo, foi sem dúvida muito visto pela criançada, mas só quem viveu mais conseguiu absorver todo o humor e mensagem do filme. O mesmo vale pra Ratatouille. O texto final do crítico de gastronomia é inteligentíssimo, profundo, muito bem elaborado e não tem a menor possibilidade de ser assimilado por uma criança.
Tô falando tudo isso pra recomendar duas animações em cartaz na praça: Kung Fu Panda e Wall.E .
O primeiro é demais, perfeito pra entreter a molecada e ao mesmo tempo divertir adultos desprovidos de preconceito. O filme é uma homenagem ao gênero das artes marciais e conta com tiradas no roteiro com o melhor da sabedoria oriental. A história é manjada, mas como se trata de animação, é possível "colocar a câmera" em qualquer lugar e isso dá toda uma nova dimensão à velha história do pupilo escolhido para ser treinado pelo velho mestre que o transforma num grande guerreiro, salvador de todos.
Wall.E é outro exemplo de desenho animado pra adultos. Sua história de amor entre um robozinho lixeiro e uma robozinha pesquisadora é simples, linda, poética e emocionante. A direção de arte do filme é espetacular e o roteiro oculta profundidade com estilo e leveza. Um filmão!...mas vai agradar mais aos adultos...

Confira onde tá passando clicando aqui.
Kung Fu Panda: Jack Black dá personalidade ao urso que quer virar mestre. Ação e humor na dose certa.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

O Escafandro e A Borboleta

Filmes que contam o drama de quem fica paralisado, paraplégico, inválido, em coma, existem aos montes...é um caminho conhecido este de comover as platéias mostrando personagens em situações terminais. Não dá pra escapar da armadilha que faz pensar: ...mas e se fosse comigo? Como eu reagiria numa situação dessas?
Mas o fato é que nada se compara com este belíssimo, poético e sensacional O Escafandro e A Borboleta.
A história verídica do editor da Revista Elle que na década de 90 sofreu um AVC e perdeu todos os movimentos do corpo com exceção da pálpebra do olho esquerdo. É piscando essa pálpebra mais a dedicação de uma fonoaudióloga que permitem que Jean-Dominique se comunique com o mundo. E é assim que ele escreve um livro contando sua aventura final.
O filme é espetacular! Na última edição do Oscar recebeu várias indicações (fotografia, montagem, roteiro e direção). O diretor consegue dar o tom certo, sem deixar o filme cair na pieguice, no emocionalismo barato...a fotografia é maravilhosa e os atores dão um show...
Nunca, nunca na história do Cinema o conhecido recurso da câmera subjetiva foi tão bem explorado num filme!
Uma peça magnífica que te leva a pensar nos desperdícios da vida, nos amores que não vivemos, no tempo que perdemos e que nunca voltará...
“A função do crítico não é trazer numa bandeja de prata uma verdade que não existe, mas prolongar o máximo possível, na inteligência e na sensibilidade dos que o lêem, o impacto da obra de arte.”
(André Bazin, um dos fundadores da Cahiers Du Cinéma)