sábado, 30 de agosto de 2008

Lemon Tree

De uma notinha de jornal saiu a idéia deste filme maduro, bonito e muito bacana que não sei porque não traduziram para Limoeiro. Os responsáveis das distribuidoras devem ter vergonha de falar português...enfim, o filme chegou com o nome em inglês mesmo, Lemon Tree, apesar de ser uma produção israelense.
Como disse, baseado em fatos reais: Salma é uma viúva pobre palestina que vive na divisa com Israel tem como única fonte de renda uma plantação de limões que foi deixada pelo pai há mais de 40 anos. Tudo ia bem até que Salma ganha um vizinho, ninguém menos do que o Ministro da Defesa de Israel que chega chegando com todo seu staff: seguranças, soldados, guaritas, agentes do serviço secreto...acaba assim o sossego de Salma.
Os responsáveis pela segurança do ministro concluem que o limoeiro da vizinha é uma ameaça à vida de todos, afinal um terrorista poderia entrar por ali e fazer um estrago na família do ministro. Fica decretada a interdição do terreno. O limoeiro é cercado e Salma impedida de entrar e colher seus limões. O caso, a princípio doméstico, ganha repercussão internacional e vai parar na Suprema Corte. Uma história simples que ganha proporções gigantecas ao resumir num conflito de vizinhos, todo o eterno embate da Questão Palestina. O diretor chama-se Eran Riklis, é um veterano que fez A Noiva Síria, outro filme muito legal...O cara já morou no Brasil, arranha um português e mandou muito bem neste Lemon Tree. Destaque para a atriz principal, Hiam Abbas, de Free Zone (alguém viu? aquele com a Natalie Portman...que aliás é israelense, nascida em Jerusalém...), que consegue passar a dor, a solidão e a esperança da pobre viúva com poucas palavras...seu olhar está cheio daquela angústia das mulheres que nunca puderam se expressar livremente...pessoas que, em pleno século 21 vivem em sociedades ultrapassadas, que acham que resolvem conflitos construindo muros...
No final, fiquei pensando que o filme não tinha me feito chorar apesar da história triste que contava. E cheguei à conclusão que Eran, o diretor não quis fazer um filme pra agradar platéias, mas sim contar uma história como ela é de uma forma madura e imparcial. Ele não pende pra nenhum dos personagens. Não há vitoriosos. Todos saem perdendo. Quem mais se dá mal no final é o limoeiro, tadinho...
Lemon Tree, um filme para se emocionar e pensar...
O diretor de Lemon Tree e A Noiva Síria, Eran Riklis, que já morou 3 anos no Brasil e arranha no português. Talvez ele tivesse traduzido o nome do seu filme para cá...qual o problema de Limoeiro? Aliás a música "Meu Limão , Meu Limoeiro tá na trilha sonora...Gostei do filme e gostei do cara...e ele usa um boné igual o meu...

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Vem aí ... Coco

Calma, não é uma manchete escatológica, mas uma nova produção francesa que conta a vida da maior estilista de todos os tempos, Coco Chanel, com a Audrey Tatou (de O Fabuloso Destino de Amelie Poulain) no papel título. O filme tem tudo pra agradar. Na linha do novo cinema moderno francês, quem gostou de Piaf vai curtir conhecer a história dessa mulher a frente do seu tempo.
Estréia prevista para o final do ano...

A resistência ao diferente...

...fiquei pensando no que escrevi no post abaixo sobre O Sonho de Cassandra de Woody Allen, filme que foi malhado pela crítica como um trabalho menor do cineasta e no fato de eu ter gostado do filme...lembrei do caso do Spielberg quando fez Prenda-me Se For Capaz, uma comédia de perseguição muito inteligente, baseada em fatos reais e que em nada lembrava os filmes de avetura infanto-juvenil que caracterizam sua filmografia. Meteram o pau porque não parecia Spielberg...mas o filme é bom pacas.
Woody Allen tem todo o direito de variar...

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

七人の侍 (Os Sete Samurais)

Um luxo a edição lançada pela Europa deste clássico do Cinema de todos os tempos.
Dirigido por Akira Kurosawa em 1953, Os Sete Samurais serviu de inspiração pra muitos filmes que vieram depois como Sete Homens e Um Destino até a saga Guerra Nas Estrelas.
É a história da aldeia de lavradores de arroz que vive sendo saqueada por um bando de ladrões. Desesperados, os camponeses decidem contratar um grupo de samurais dispostos a defender a pequena aldeia e seus moradores em troca de comida e uma cama pra dormir.
Kurosawa era fã de faroestes, criou neste filme a pedra sobre a qual vieram todos os filmes de artes marciais seguintes. Cada fotografia foi elaborada com o altíssimo rigor estético do mestre japonês. As cenas da batalha na chuva são de uma beleza até hoje impressionantes. A narrativa dos mais fracos lutando contra os mais fortes é de certa forma bem simples
mas que sempre funciona. Qualquer um se sente tomado pela força dramática do filme logo nos primeiros minutos. Sem falar na interpretação de Toshiro Mifune e seu samurai jovem e rebelde, é demais!...Quando a gente pára pra pensar que se trata de um filme com mais de 50 anos, daí só se pode reverenciá-lo ainda mais. Pra melhorar o DVD ainda vem com dois extras sensacionais !... Um filmaço pra ver e rever sempre!
Em busca do fotograma perfeito: A batalha na chuva. Uma amostra do gênio de Kurosawa numa das cenas mais incríveis do clássico Os Sete Samurais

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Star Wars - The Clone Wars

George Lucas me pareceu ter encontrado a verdadeira vocação de sua saga intergalática...Star Wars é pra ser desenho animado. Acho que a partir deste, outros virão com animações cada vez mais surpreendentes, arrojadas, com posicionamentos de câmera que só numa animação é possível...Este "The Clone Wars" se situa antes do "A Vingança dos Sith", e claro não é melhor que o último filme mas aponta nitidamente o caminho promissor que o senhor Lucas irá seguir pra continuar ganhando uns trocadinhos e engordando sua conta bancária.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O Sonho de Cassandra

Segundo a mitologia grega, Cassandra era filha de Príamo,rei de Tróia, pai do Heitor (falando nisso você viu Tróia, aquele com o Brad Pitt fazendo o Aquiles?...é bacana...) e ela além de ser muito bela, ganhou do deus Apolo um poder e uma maldição: era capaz de prever o futuro mas ninguém nunca acreditaria em suas previsões. Esse é o mote deste filme de Woody Allen que não parece Woody Allen. Foi malhado pela maioria da crítica mas quer saber? Gostei pra caramba!...
É o terceiro filme Londrino dele. Antes teve Match Point (sensacional) e depois Scoop (bobinho).
Dois irmãos (Ewan McGregor e Colin Farrell) estão desesperados por dinheiro. Colin fez uma divída impagável jogando pôquer e Ewan, que não tem a vida ganha, tem que ajudá-lo. Surge a figura do tio (Tom Wilkinson) que é milionáro e faz uma proposta imoral para os sobrinhos em troca de muita grana.
É o seguinte, pra quem é fã do Woody Allen tradicional, o das comédias urbanas, dos diálogos rápidos cheios de humor ácido e inteligente, não vai encontrar nada disso aqui. Vai achar ruim como acharam Match Point ruim. Um equívoco na minha modesta opinião...Woody Allen tem todo o direito de experimentar...de brincar de ser Hitchcock (por que não?!)...tem muito do mestre do suspense neste filme, como tinha em Match Point também...e a maneira como ele fecha ciclos nos dois filmes é genial!...A cena da aliança batendo no parapeito do rio em Match Point pra mim é pra entrar pra história...Tudo isso sem falar nas atuações espetaculares da dupla de irmãos...Colin Farrell no papel do irmão mais emotivo, frágil de certa forma, um mecânico pobre viciado em jogo que se envolve numa dívida impossível de ser paga está no melhor filme da sua vida. Aliás essa é uma característica de Woody Allen, saber tirar o máximo de seus atores.
O Sonho de Cassandra é um drama de suspense, de Woody Allen, que ao fazer um filme a la Hitchcock brinca de ser Billy Wilder, o mestre que se aventurou por todos os gêneros do cinema com igual sucesso. Se Billy podia por que Woody, não?