quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A Liberdade, A Igualdade, A Fraternidade...

Tem me dado muito prazer por estes dias rever a Trilogia das Cores de Kieslowski que assisti pela primeira vez de uma batelada só em 1995 na Casa de Cultura Mario Quintana em Porto Alegre.
Doze anos atrás já tinha ficado maravilhado com a poesia do diretor polonês. Ele filmou de uma vez só três histórias emocionantes que se entrelaçam. O título faz referência às cores da bandeira francesa: Azul, Branco e Vermelho. Na tradução brasileira inventaram os subtítulos – A Liberdade É Azul, A Igualdade É Branca e A Fraternidade É Vermelha.
A idéia da Trilogia nasceu em 1989, duzentos anos após a Revolução Francesa. Kieslowski queria saber o que essas cores e o lema da Revolução representavam hoje.
Doze anos depois, eu já mais vivido, saboreei com muito mais prazer e admiração essa jóia do cinema. Essa é uma qualidade da verdadeira obra de arte: permitir ser revisitada indefinidamente nos dando em troca novas leituras...
Ah, sim! Os extras estão sensacionais e a FNAC resolveu baixar o preço para um valor mais atraente. (veja aqui)
Imperdível conhecer o gênio de Krzysztof Kieslowski, o cineasta dos detalhes. Um cara que conta histórias com closes rápidos e outras sutilezas, formando uma teia delicada e sofisticada. Três tramas que se cruzam e emocionam muito. Fiquei impressionado com o vigor do filme que se mantém forte, atual, moderno até hoje.

Um presente bacana, pra quem gosta de coisa boa. França, cinema, poesia...

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Vittorio de Sica e os pobres Ladrões

Foi num dia 13 de novembro que morreu um dos maiores nomes do cinema de todos os tempos, o diretor italiano Vittorio de Sica.
No último domingo, reservei um tempo para rever um de meus filmes favoritos, “Ladrões de Bicicleta”. Um filme de 1948 mas que não vai perder sua força nunca. É um dos maiores títulos do que considero a maior força criativa que já houve na história da cultura cinematográfica mundial, o neo-realismo italiano. Se você acha que a câmera solta nos documentários de hoje ou a questão da violência e miséria nas periferias são invenções recentes, você precisa conhecer o Neo-Realismo.
Imagine um grupo de jovens artistas do cinema de uma mesma geração, nascidos no país do Renascimento que, impactados pela destruição da Itália no Pós-Guerra, resolvem registrar toda aquela realidade em filmes que já nasciam clássicos. Começou com Rossellini, teve Visconti como ícone mas se coroou com a história do pobre italiano que quando finalmente consegue um emprego, tem a sua bicicleta, a sua principal ferramenta de trabalho, roubada. Esse é o enredo do filme de De Sica, um gênio de certa forma esquecido, um poeta injustiçado que, apesar de ter ganho 3 Oscars de Melhor Filme Estrangeiro, quando se fala em cinema italiano, todo mundo hoje só lembra de Fellini.
Vittorio de Sica construiu grandes momentos na história do cinema como o amor de Sophia Loren e Marcello Mastroianni em Os Girassóis da Rússia, e a admiração do filho por seu pai que procura por sua bicicleta em Ladrões... (clique aqui)

Quem não conhece, é quer sair um pouco da superfície deve procurar os filmes de Vittorio numa locadora...quem já viu, sempre vale relembrar...são filmes para sempre.
Fico me perguntando: quem seriam os De Sica de hoje?...

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O Rei Está Morto. Viva a Pirataria!

Quando é que vão parar de “enrolar” e tomar uma atitude decente para que não cortem o acesso à cultura, deixando o crime organizado mandar no país?
Assistir a um filme como O Poderoso Chefão ou à série The Shield é ver a duas obras de ficção que nos fazem torcer pelos bandidos. Não é, em hipótese nenhuma, uma troca de valores, já que, quem está vendo sabe que é algo inventado, uma história de faz-de-conta, onde o personagem principal, no caso de The Shield, é um policial corrupto, que faz negócios ilícitos com quadrilhas de traficantes para, no frigir dos ovos, ganhar uma grana por fora a fim de sustentar a família. Sim, você não vai ver nenhum episódio com o detetive Vic Mackey (numa interpretação brilhante de Michael Chiklis) torrando dinheiro num carro novo ou numa casa com piscina ou mesmo com amantes. Ele age assim porque tem que cuidar da sua família.
Outra vez, trata-se de uma obra de ficção. Mas imagine a pessoa que resolveu descolar uma grana extra, vendendo uma cópia inédita do filme Tropa de Elite. Segundo as notícias referentes a esse escandaloso caso, a pessoa recebeu 5 mil reais pela cópia, que começou a ser duplicada como coelhos selvagens australianos, infestando fazendas simplesmente porque os fazendeiros eliminaram o predador natural desse mamífero. Desastre ecológico, sem dúvida, como é o desastre cultural da invasão de cópias piratas de Tropa de Elite. Já se sabe que o público de cinema, que lota salas para ver um bom espetáculo, também gosta de freqüentar locadoras e colecionar filmes, enquanto que o consumidor que vai a uma locadora alugar um filme, dificilmente, vai ao cinema.
E, se alguém lhe oferecer um filme que nem foi ainda lançado no cinema e, ainda por cima, dizem ser polêmico, porque envolve o BOPE, a Polícia de Elite do Rio de Janeiro, por que não ceder à sedução da pirataria?
Besteira pura! Ceder a essa sedução está no mesmo parâmetro que cheirar uma carreira de cocaína ou injetar heroí­na na veia, tragar crack ou encher a cara porque levou um fora da namorada.O que irrita nessa história da pirataria de Tropa de Elite ou na pirataria de qualquer outro filme, nacional ou importado, é que os consumidores dessa droga não pertencem às classes menos favorecidas, que não podem se dar ao luxo de gastar cinco reais para comprar um filme. Quem sustenta essa máquina desgovernada é a mesma classe abastada que não vê problema em pagar um papelote de cocaína para consumo recreativo. A linha fina que divide a hipocrisia da falta de conhecimento não existe. Quem compra um filme pirata sabe que está levando uma droga para sua casa. Tenho amigos médicos e mesmos colegas jornalistas que estufaram o peito para dizer que já tinham visto Tropa de Elite em DVD pirata. Mal sabem eles ou, se sabem, fazem como o nosso próprio Presidente da República, que viu no avião presidencial uma cópia inédita de Dois Filhos de Francisco e fiou surpreso em saber que era uma cópia pirata, que comprar um filme pirata ou uma música pirata só aumenta o caixa do cri­me organizado. E as autoridades, o que fazem? O mesmo que fizeram os senadores no caso de Renan Calheiros: viram a Playboy da ex-amante e mãe do filho do senador alagoano!
Será que um dia isso tudo ainda vai mudar?

sábado, 10 de novembro de 2007

Stephen Frears e seu próximo filme...

Stephen Frears, o mesmo diretor de A Rainha (comentado aqui embaixo) e que tem em seu currículo pérolas como Ligações Perigosas e Alta Fidelidade, promete para 2008 seu novo filme: a história da morte do brasileiro Jean Charles de Menezes no metrô de Londres em 2005. Para o papel, foi chamado Selton Mello.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Zero Dois, pede pra sair...

O nome dele é Milhem Cortaz. Ator de teatro, cinema e televisão. Tem 8 filmes no currículo. Em Carandiru ele fez o Peixerinha. Mas é com o capitão Fábio em Tropa de Elite que com certeza ele entra pra história. Sua cena com o capitão Nascimento-Wagner Moura pedindo para o policial corrupto desistir do treinamento é uma das mais imitadas pela galera fã do filme. Milhem me contou que foi parado quando dirigia de madrugada na Consolação por várias viaturas, achou que tinha cometido uma infração e que iria tomar uma multa...Mas se surpreendeu com o assédio dos fãs-pms que só queriam mesmo é tirar uma foto e dizer que o filme serviu pra deixar os policiais com mais "sangue nos óio"...

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Tropa de Elite 2

Tropa de Elite é o filme mais visto e mais comentado da história do cinema no Brasil.
Escrevo esta frase exatamente um mês após a estréia do filme em 65 salas só na grande São Paulo.
Trinta dias depois esse número caiu para 44.
O filme custou 11 milhões de reais. Teve até agora, um milhão e 900 mil espectadores e pouco mais de 10 milhões de arrecadação.
Resumindo, um mês depois de sua estréia o filme ainda não se pagou. Lucro então? Vai demorar um pouco...
Agora a tendência é que o número de salas diminua progressivamente e o filme comece a registrar um número sensível de queda na bilheteria como aconteceu no último fim de semana que registrou 31% a menos de interessados em conferir as aventuras do Capitão Nascimento nas telonas.
Esses números não representam precisamente o sucesso que o filme merecia. Parte do que explica esse movimento é a pirataria. Pesquisas encomendadas pela distribuidora apresentaram dados estarrecedores: mais de 14 milhões de pessoas já assistiram ao filme sem ter ido a um cinema. Isto é, assistiram a uma cópia pirata.
Não é preciso ter um MBA em administração de empresas para perceber que com um gráfico desse, não dá pra ver com muita alegria o futuro da indústria do cinema no nosso país. É muito caro produzir para tão pouco e tão demorado rendimento. A produção audiovisual no Brasil vai sobreviver a isso? Por quanto tempo?
Vai pegar geral...