quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O Suspeito

Você curte thriller político? Aquelas tramas super amarradas que desnudam os bastidores do poder, suas engrenagens sujas, seus porões obscuros?...
Este O Suspeito é um bom exemplo do gênero. O novo filme do diretor sul-africano Gavin Hood não fica devendo...A história começa em seu país natal (uma bela panorâmica da Table Mountain na Cidade do Cabo...). É de lá que parte o engenheiro Anwar El-Ibrahimi, um egípcio radicado nos EUA há 20 anos. Mesmo sendo pai de um garoto nascido em solo americano, mesmo sendo casado com a queixuda e barriguda Reese Whiterspoon (ela faz papel da esposa grávida...), Anwar não consegue escapar das garras da nova lei americana anti-terrorismo assim que sai de seu avião em Washington. A Lei da Rendição Extraordinária que nada mais é do que rapar do aeroporto qualquer sujeito com pinta de amigo do Bin Laden e despachá-lo para fora do solo americano para submetê-lo a um interrogatório não-convencional (leia-se ‘tortura sangrenta’)...O cara é arrancado da fila do desembarque, amordaçado, vendado e mandado de volta ao Egito onde irá comer o pão que o diabo amassou.
Em paralelo, um agente da CIA morre num atentado no Egito. Uma investigação é iniciada e há indícios discutíveis do envolvimento de Anwar na explosão. Sua família fica a espera do coitado que não chega. Seu nome é apagado do registro do vôo. A esposa (Reese) tem que apelar a um amigo que é assessor de um senador para saber notícias do marido que está no norte da África sendo torturado pelo ótimo Yigal Naor. O agente da CIA que acompanha o interrogatório é Jake Brokeback Gyllenhaal Mountain.
O filme vale a pena ser visto por vários aspectos. O roteiro é muito esperto, ágil e tem algumas surpresas temporais que tornam o filme muito mais saboroso. A direção do Gavin Hood (que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com Infância Roubada em 2006) foi inteligente em levar até onde dava a dúvida: “- Mas afinal, o suspeito é culpado ou não?...”
Li em algum lugar que a trama foi baseada no relato de um descendente de árabe que sofreu algo parecido.
Acho que um dos pontos fortes do filme é a abordagem que ele dá para esse neo-racismo anti-árabe que se deu na sociedade americana pós 11 de setembro. Uma questão que Mr. Hood trata melhor do que conseguiu o Babel do Inarritu.
Destaque para a pequena mas intensa presença de Meryl Streep no filme. Seus diálogos são os melhores...


Veja onde está passando clicando aqui.

Nenhum comentário: