quinta-feira, 19 de maio de 2011

Caminho da Liberdade

Tem um gênero de filme, que pode não soar muito correto politicamente nestes tempos em que até as convenções sociais andam meio sem personalidade, mas que existe de fato e que é o que eu particularmente chamo de "filme de macho". A essa categoria pertencem John Huston, John Ford, John Wayne, Clint Eastwood, Russel Crowe, Humphrey Bogart, que possuem em seus currículos inúmeros exemplos dessa espécie de filme. Protagonistas de poucas palavras com um certo ar de mistério e que invariavelmente se mantém firmes em seus propósitos, aconteça o que acontecer ao longo da história. O personagem em geral é o que modernamente se passou a chamar de macho alfa, o mais valente, corajoso e que conquista a mulher mais bonita do pedaço.
É nessa levada que Peter Weir, um diretor que nunca erra, todo mundo viu Sociedade Dos Poetas Mortos (filme da minha adolescência) retorna após um período sem filmar nada, às telas com esse espetacular Caminho da Liberdade.
Ele conta a história real de um grupo de presos num gulag na Sibéria no início da Segunda Grande Guerra. Presos pelo regime comunista, os caras resolvem escapar da prisão e encarar a geografia inescapável atravessando a Sibéria, a Rússia, a Mongólia, o Himalaia, a Índia, ou seja, a Ásia inteira a pé! Começam pela parede de gelo siberiano. As cenas arrepiam de tão congelantes...É uma loooonga caminhada...se tivesse aliás que resumir a história em uma frase seria ‘é um grupo de pessoas que fica caminhndo o tempo todo...’
Não preciso dizer que a fotografia e as locações são o grande show do filme. A maquiagem (indicada ao Oscar deste ano) também chama a atenção. Os estragos que uma caminhada no sol e no gelo fazem à pele quando ficaram impressionantes nos personagens...A sede constante, o cansaço insuportável, a fome nunca saciada são os companheiros dos fugitivos nessa jornada. O filme me agradou muito. No entanto, não dá pra não comentar a sensação que fica ao final  que tudo poderia ir além. Que o filme poderia ser arrebatador! Não é...Também não é um filme ruim, está muito longe disso. É um grande filme...mas não é espetacular. E tinha tudo pra ser. Pela sua história única, pelo currículo do diretor, a produção caprichada. Senti falta de ver a jornada espiritual que os caminhantes também realizaram nessa aventura. Sim, porque quem fica meses unicamente caminhando e caminhando e caminhando teve muito em quê pensar. Essa longa trilha transformou os sobreviventes em outras pessoas. Em novas pessoas. E o filme aborda esse aspecto muito superficialmente. Mas isso não é motivo pra não ver esse belo trabalho desse diretor que merece respeito e atenção em todos os seus filmes. Caminho da Liberdade é mais um grande filme de Peter Weir.

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