terça-feira, 27 de março de 2007

O Cheiro do Ralo

O Cheiro do Ralo é a história de Lourenço, um personagem escroto que vive num estado de claustrofobia permanente. A solidão urbana de seu dia-a-dia é agravada em seu trabalho. Lourenço vive de comprar e vender objetos usados, antiguidades e outras porcarias que pelos motivos mais ignóbeis somos às vezes levados a guardar. E Lourenço saboreia o seu poder nesse instante quando reina diante das figuras abjetas que o procuram pelo seu dinheiro (que aliás parece nunca ter fim). Esse mesmo jogo de poder é o que alimenta uma das fixações de Lourenço: a bunda de uma balconista de buteco. Uma bunda que ele quer ter, que ele quer subjugar, que ele quer que se submeta à sua torpeza pela paga de um dinheiro qualquer. A outra fixação do anti-herói é o cheiro fétido que sai do ralo do banheiro de seu escritório. Uma metáfora fácil mas eficiente que ilustra a aura do pesadelo em que vive Lourenço. Se você achou tudo muito sinistro fique sabendo que vai assistir rindo porque quem dá vida a Lourenço é Selton Mello, o dono do filme e quem faz valer seu ingresso. Sua interpretação precisa, sem exageros, dá a dose certa de humor e amargura ao papel. Um show!...Já ao diretor faltou um pouco de senso de ritmo, gastou tempo e energia repetindo situações que não surtiam mais efeito algum na platéia. Senti falta de um cafezinho entre os roteiristas que podiam ter parado e pensado melhor num outro final. Algo que se apresentasse melhor como uma moral da história. Do jeito que ficou deixa a sensação de “Ah, o filme caminhou até aqui pra isso?”... Ainda assim vale a pena conhecer O Cheiro do Ralo, um filme para platéias pequenas...
O filme de um ator, Selton Mello. Que Rodrigo Santoro, que nada... Selton Mello é o cara!...

sexta-feira, 23 de março de 2007

300

300 é uma experiência estética única, incrível, das melhores que tive nos últimos anos numa sala de cinema.
Não bastassem a direção de arte impecável, a fotografia irrepreensível, as elaboradas coreografias de luta 300 ainda tem o valor de atiçar a curiosidade de quem assiste em busca de mais informações sobre essa batalha histórica que aconteceu em 480 a.C.

Não há o que comentar. Tudo que eu disser fica pequeno. Você TEM que ver.

Nas fotos, o ator Gerard Butler que nasceu para o papel de Rei Leônidas e ao lado a estátua do mesmo que está nas Termópilas, local onde tudo aconteceu.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Notas Sobre Um Escândalo

Se você tem dúvidas de se vale a pena ver este filme, pense que se trata do melhor trabalho de Judi Dench em sua história no cinema...Se as dúvidas ainda permanecerem saiba que Cate Blanchett está brilhante...não bastassem esses motivos pra conferir este filmaço maduro e surpreendente tem o roteiro do mesmo cara que escreveu Closer e concorreu ao Oscar. Uma professora sexagenária e sinistra (Judi) de uma escola secundarista de um subúrbio de Londres não consegue esconder seus impulsos homossexuais despertados pela professora novata e bela (Cate). A relação de ambas passa da amizade para a submissão numa chantagem velada que a sutil interpretação de Judi coloca no tom exato ao descobrir um pecado da professora Sheba (Cate) que ela usa em seu favor. A direção precisa faz a moral mudar de mão várias vezes. O filme vai da sobriedade à loucura sem parecer inverossímil. Muito bom, muito bom...

quarta-feira, 14 de março de 2007

cinema e política

...revi nesses dias dois filmes do meu pequeno acervo de DVD's que falam de política.
O primeiro é Bob Roberts, você conhece? É um filme que já tem uns anos, é de 1991-92 , um dos primeiros do Tim Robbins. Aliás tem o roteiro e a direção dele. Conta a história de um candidato ao senado americano, um demagogo e populista cantorzinho de folk que sabe usar muito bem os meios de comunicação em seu favor para convencer o eleitorado a lhe dar seus votos. Em linguagem documental e com um elenco sensacional (você vai reconhecer alguns rostos que ainda não tinham estourado...) o roteiro é muito inteligente e bem amarrado.
O segundo filme que revi é a reconstituição do período em que o mundo chegou muito perto de uma guerra nuclear, bem no início dos anos 60 quando John Kennedy era o presidente norte-americano e Nikita Kruschev, o premier soviético. O filme é Os 13 Dias Que Abalaram O Mundo com o Kevin Costner fazendo o chefe de gabinete da presidência. Interessante notar que o pesadelo do fim do mundo numa guerra nuclear aconteceu de verdade há tão pouco tempo. Toda a tensão do jogo político internacional, o cenário do mundo dividido na época e a habilidade diplomática do jovem presidente

Kennedy que lutava principalmente contra os impulsos bélicos de seus próprios oficiais militares que queriam bombardear Cuba, onde os russos instalavam mísseis nucleares. Os bastidores da Casa Branca e toda a pressão que rolou nesse episódio estão nesse filmão que retrata um momento histórico do qual é importante se ter conhecimento. Uma boa dica pra quem está se sentindo carente de momentos históricos mais significativos que o "ponto G das negociações" de ultimamente tem nos permitido...

...ainda sobre A Rainha...

...escrevi que gostei de A Rainha por vários motivos mas esqueci de citar que a direção é de Stephen Frears, um cara de uma versatilidade incomum que tem no currículo filmes incríveis como Alta Fidelidade e Ligações Perigosas, dentre tantos outros...

domingo, 4 de março de 2007

Thanks, Gene...



"Laura, is the face in the misty light


footsteps that you hear down the hall..."



...minha homenagem à mulher que me fez companhia neste domingo ensolarado...

Uma pausa para o Teatro...

...fui assistir a O Avarento, com Paulo Autran no Cultura Artística e saí me perguntando: quantas pessoas de 84 anos hoje conseguem me fazer rir?

Paulo Autran não tem idade. É eterno.

Assim como o texto de Molière que ele escreveu em 1668 e continua incrivelmente atual...

Não perca! É um programão!...
(...como é bom morar em São Paulo...)